São Paulo - A ressurreição do Fluminense no cenário nacional marca a volta do amor-próprio de um treinador. Desempregado há quase um ano, Valdir Espinosa apostou todas as suas fichas no clube grande mais desacreditado do país. E a reviravolta garantiu não só o seu salário mensal como até a candidatura à Seleção Brasileira.
"Por mais que eu estivesse com a minha vida profissional resolvida, estava muito triste como qualquer outro desempregado. Ficava pensando: ganhei o título mundial com o Grêmio e a Copa Libertadores da América, como poderia estar sem trabalhar? Mas tive forças para me recuperar e ainda bem que foi em um clube que também lutava para mudar a sua imagem. Juntamos nossas forças e o resultado esta aí", diz, sorrindo Espinosa.
Tranqüilo, sem mostrar ressentimento, o treinador explica o sucesso do Fluminense.
"Peguei um grupo com vontade de ganhar. O orgulho estava ferido por tudo que aconteceu e fez com que o time disputasse a Terceira Divisão. O grupo tinha ótimo potencial e precisava acreditar que poderia ganhar. Mas não fui só psicólogo não. Dei uma arrumação tática à equipe. Se eu fosse psicólogo montava um consultório e ficava tratando da cabeça de gente rica", brinca.
Ideal, não foi - O treinador de 53 anos admite que o Fluminense entrou no Copa João Havelange da maneira menos indicada. "Nós entramos pela janela mesmo. O ideal seria termos conseguido a vaga dentro do campo. Mas pelo menos justificamos o convite. Muitas equipes tradicionais e com elencos caros estão fora da segunda fase. Vexame seria ter sido convidado e tomar goleada.
Fizemos com que as pessoas reaprendessem a respeitar o Fluminense."
Espinosa diz que sua imagem ficou desgastada em São Paulo e de maneira injusta.
"Deixei o Palmeiras classificado para a Libertadores da América e fui demitido porque declarei que o time não tinha centroavante. Na Portuguesa fui bem, tanto que o Corinthians me contratou. Saí do Corinthians com a equipe em terceiro lugar e o time acabou em 13º. Não fui tratado com o respeito que merecia", desabafa.
O treinador continua trabalhando com a pessoa que lhe dá mais orgulho: o filho Rivellino, seu auxiliar. "Nossa dupla dá certo. Os resultados provam.
Eu quero dizer que desejamos muito mais. Estamos preparados para brigar pelo título da Copa João Havelange. Seria o fecho perfeito para tanta luta. Mas estamos todos com os pés no chão. Agora. Porque conheço futebol e sei que no ano que vem será muito duro para a diretoria renovar o contrato desse grupo tão valorizado", sorri, feliz, muito feliz.