São Paulo - Gallo, Hugo, Cacá... é bom que a torcida do São Paulo comece a se acostumar com esses nomes. Pode estar gritando pelos garotos já no segundo semestre de 2001. Afinal, quem há seis meses ouvia falar de Fábio ou Jean?
Sem dinheiro para grandes contratações, o São Paulo vai radicalizar na política de revelar seus próprios jogadores. "Essa política teve um sucesso incrível esse ano e vamos implementá-la ainda mais", diz José Teixeira, gerente de Futebol.
Adepto da teoria de que "não se mexe em time que está ganhando", Teixeira não acha necessário nenhuma mudança na estrutura do futebol amador do São Paulo. "A idéia é melhorar o que já temos. Aumentar a integração entre os departamentos amador e profissional e olhar cada vez com mais carinho para os jogadores de base, como sempre foi."
Foi assim desde o final dos anos 50, quando José Teixeira trabalhou no São Paulo, juntamente com Vicente Feola, técnico campeão do mundo em 1958. "Ele dizia que nunca deveríamos descuidar do futuro do clube. E até hoje o São Paulo pensa assim".
Quando chega a hora de um jogador estrear no time profissional, não se está fazendo uma aposta às escuras. "Eles participam de muitos torneios internacionais e trazem já uma bagagem de 30 ou 40 jogos internacionais", diz Teixeira. Uma olhada no currículo de Júlio Baptista, por exemplo, confirma isso. Desde 1998, ele participou de torneios na Itália, Peru, Alemanha e mais quatro na Suíça. Ganhou todos.
O departamento de futebol amador tem quatro categorias: dente-de-leite, infantil, juvenil e júnior. São 60 jogadores alojados no Morumbi. "Do infantil para frente, damos alojamento a todos os jogadores. Para o dente-de-leite, não. Eles têm menos de 13 anos e preferimos montar um time com o pessoal das redondezas do Morumbi, que podem ir treinar e voltar para casa com tranquilidade", explicou David Lisboa, diretor de futebol amador.
Cada categoria tem um corpo técnico próprio, formado por técnico, preparador físico, preparador de goleiros, masagista e roupeiro. Para treinar, há o CT de Guarapiranga, com 100 mil metros quadrados. "São dois campos e estamos construindo mais dois", explica Lisboa.
Ex-jogadores de volta - Entre os técnicos das categorias de base do São Paulo estão ex-jogadores do clube, como Arlindo no dente-de-leite, Vizolli no infantil, Toinho no juvenil. Jair, que foi treinador de goleiros do time principal, agora cuida dos juvenis.
A integração entre os jogadores busca ser a mais ampla possível. Os infantis treinam contra os juvenis, os juvenis contra os juniores e os juniores contra os profissionais. O júnior que está treinando entre os profissionais tanto pode ser chamado para uma partida do time principal como dos juniores.
É o caso de Júlio Baptista. Ele poderá ser utilizado no domingo contra o São Caetano, pela João Havelange, ou contra o Mirassol, pela decisão do Campeonato Paulista de Juniores.
David Lisboa espera o final do Campeonato Paulista para anunciar algumas novas medidas para o ano 2001. Há tempos o dirigente pensa na contratação de um gerente de futebol amador, para implantar uma coordenação única entre as várias categorias. Mas Lisboa não acredita na contratação de profissionais famosos para cuidar dos garotos. "Talvez não haja o envolvimento necessário.
Os garotos precisam de alguém que esteja sempre por perto."