São Paulo - Campeão ou não em Lisboa, o tenista brasileiro Gustavo Kuerten já pode comemorar o ano de 2000 como o melhor de toda sua vida. Só nesta temporada alcançou a marca de quatro títulos conquistados, sendo um deles de Grand Slam, com o bicampeonato de Roland Garros.
Além disso, mostrou ainda sua adaptação aos vários pisos do circuito internacional, ao erguer o troféu no ATP Tour de Indianápolis, jogado em quadras rápidas.
Dos quatro títulos conquistados neste ano, três foram no seu terreno preferido, o saibro. Ganhou o ATP de Santiago, depois em Hamburgo, numa final memorável contra Marat Safin, decidida em cinco sets, levantou também o troféu dos Mosqueteiros em Roland Garros, na confirmação de ter se transformado num dos maiores tenistas do mundo.
Com estas conquistas e campanhas brilhantes em outras competições, Guga firmou-se como o melhor jogador da temporada de 2000. Nenhum outro tenista ficou tanto tempo na liderança do ranking da Corrida dos Campeões. Foram 16 semanas, não consecutivas, contra 11 de Andre Agassi, o segundo colocado.
O troféu de Indianápolis foi também importante para mostrar a maior versatilidade de Guga. Afinal, jamais havia vencido um torneio em quadras rápidas. Tinha estado nas decisões do Masters Series de Montreal, em 1997, e ainda em 2000 no Ericsson Open de Miami. Mas, o título só veio mesmo numa competição um pouco menor em premiação.
Talvez por este aspecto, Guga tenha guardado em um lugar especial de seu coração a boa campanha deste ano em Miami. O tenista brasileiro brilhou no Ericson Open conseguindo chegar à final, depois de eliminar uma das estrelas do tênis mundial, o norte-americano Andre Agassi, nas semifinais. Na decisão do título, encontrou outro grande astro, Pete Sampras. Num jogo emocionante em que o brasileiro perdeu por 6/1, 6/7 (7/2), 7/6 (7/5) e 7/6 (10/8), mas mostrou plenas condições de vencer.
Não fossem algumas marcações duvidosas dos juízes nos Estados Unidos, muito provavelmente o resultado teria sido outro.
Guga também conviveu com um maior número de contusões este ano. Esteve fora do Masters Series de Montecarlo, competição em que estava defendendo o título conquistado em 1999, mas mostrou incrível poder de reação ao chegar à final do Masters Cup de Roma, apenas dez dias depois de ter sentido as costas no Principado de Mônaco.
Esta temporada de quadras de saibro da primavera européia marcou um período de grandes emoções para o tenista brasileiro. Afinal, depois de sofrer com dores, Guga iniciou uma série de 13 partidas sem perder. Conquistou o título do Masters Series de Hamburgo e seguiu para Roland Garros, onde fez imperar seu favoritismo, e levou o bicampeonato do mais difícil torneio do planeta.
Assim, não há mesmo do que Guga reclamar de 2000. Por isso, assim que voltar de Lisboa promete descansar com a consciência tranqüila de quem rendeu o máximo na temporada. Vai surfar e recuperar-se de um ano em que levantou quatro títulos, esteve nas finais de Miami e Roma, nas semifinais de Bogotá, Cincinnati e Paris, e chegou às quartas-de-final de Hong Kong, Tóquio, Sydney e Lyon, jogando bem em todas as superfícies do tênis.