São Paulo - Desde sexta-feira as equipes de Fórmula 1 e de Fórmula Indy estão liberadas para treinar, visando a próxima temporada. O campeonato da F-1 começa dia 4 de março na Austrália. O da F-Indy, uma semana depois, dia 11 no México. Normalmente, as duas categorias não são concorrentes. No Brasil, contudo, as duas estão se enfrentando desde que as datas das suas provas foram anunciadas: 1.º de abril o GP de F-1, em São Paulo, e 25 de março o GP de F-Indy, no Rio. Apenas uma semana separa as duas corridas.
O primeiro problema que poderia surgir dessa proximidade entre os dois eventos seria a dificuldade de se comercializá-los. Afinal, os investimentos são bastante elevados, na casa de milhões de dólares. E não há no mercado tantas empresas com a saúde financeira exigida, interesses no automobilismo e dispostas a gastar parte significativa da sua verba de publicidade em apenas um fim de semana.
Émerson Fittipaldi, promotor da F-Indy, e Tamas Rohonyi, da F-1, têm pontos de vista diferentes a respeito dos riscos que cada um corre, em função de poder existir certo "canibalismo’’ comercial entre os eventos. "Não há conflito de patrocinadores. Tradicionalmente os investidores da Indy não são, em geral, os da F-1", afirma Émerson, da Fittipaldi Promoções.
Para Rohonyi, da International Promotions, responsável pela prova de F-1, a proximidade de datas é prejudicial, em especial para a F-Indy. "Estamos indo para o 30.º GP Brasil de F-1, a corrida é o maior acontecimento esportivo internacional do País e contamos com a participação ativa da TV Globo na divulgação." Esses fatores facilitam a viabilização de qualquer projeto, argumenta.
O diretor de marketing da Fittipaldi, Gustavo Fonseca, entende que há espaço para a F-Indy e a F-1 apresentarem seus shows em datas próximas. "Há uma certa divisão natural entre as empresas no sentido de investir em um e outro evento."
Ele cita a Souza Cruz, que tradicionalmente promove a marca Hollywood na Indy, e a Philip Morris, com a Marlboro, na F-1. "Há o caso também da Shell com a Ferrari na F-1 e a Texaco com a equipe Newman-Haas no nosso campeonato, dentre tantas outras", diz. "Apenas um ou dois podem ter de optar por nós ou a F-1, mas temos perto de 30 patrocinadores", explica Émerson. O público, na sua visão, é igualmente distinto.
Assim como os dois lados não expõem suas dificuldades para vender seus produtos, não se fala também em valores. "Eles são confidenciais", afirma Fonseca, embora admita que na F-1 devam ser superiores.
As negociações são realizadas diretamente entre os promotores e as empresas. De acordo com a disponibilidade de verba do cliente monta-se um projeto de exposição da sua marca, que pode incluir também a seção de áreas VIP em Interlagos ou Jacarepaguá, para a recepção de convidados.