São Paulo - Um passaporte falso do goleiro Oliveira, do União São João, foi apresentado ontem na CPI da Nike pelo presidente da Comissão, o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) como primeira prova de crimes desse tipo envolvendo jogadores brasileiros que vão atuar no exterior.
O documento foi entregue pelo próprio jogador, que procurou Aldo Rebelo para fazer a denúncia. Oliveira foi jogar no Real Mallorca em setembro do ano passado e diz ter recebido o passaporte na secretaria do clube. Durante os oito meses em que ficou no clube, Oliveira atuou na maioria das vezes no Mallorca B, onde não precisava do documento falsificado. Durante as viagens que o clube fazia, ele utilizava o passaporte brasileiro. Só usou o falso nas poucas vezes em que atuou pelo time principal.
De posse do documento, os deputados querem saber se algum empresário ou clube brasileiro está envolvido no caso. O primeiro a ser questionado sobre o problema será o presidente do União São João, José Mário Pavan, que vai depor amanhã na CPI. Pavan foi chamado inicialmente para dar explicações sobre o caso de Jeda, que no meio do ano foi para o Vicenza, da Itália.
Jeda era jogador do União São João e foi disputar um torneio na Itália por um time formado pelo ex-jogador Careca. O Vicenza gostou do futebol do jogador e o contratou. Depois que a Justiça italiana entrou no caso, Jeda disse que havia recebido o passaporte das mãos de Careca, que por sua vez teria conseguido os documentos com o empresário paulistano Jimmy Martins. O documento falsificado foi entregue por Jimmy para José Pavan em um aeroporto europeu. Jimmy, Careca e Edmar serão ouvidos amanhã pela CPI.
Tráfico - A CPI ouviu ontem os depoimentos dos jornalistas Jaeci Carvalho e Leandro Quessada, que falaram sobre tráfico de jogadores brasileiros menores de idade para o exterior. Eles citaram casos de jogadores que foram parar em clubes pequenos da Polônia, Rússia e Bélgica, submetendo-se a contratos de até 10 anos e sálários inferiores a US$ 250.
Empresários - A Associação Brasileira de Agentes de Futebol enviou ontem a CPI da Nike uma relação com 80 nomes de empresários que estão atuando no Brasil sem estarem inscritos na Fifa. Entre esses nomes figuram ex-jogadores e dirigentes. Eli Coimbra, Jorge Machado Dalprá, Lébel Ribeiro, Mauro Morishita, Mazaropi, Renato Gaúcho e Todé.