São Paulo - A Copa João Havelange pode terminar apenas em 2001. A ameaça é do presidente eleito do Vasco, Eurico Miranda, "solidário" com o movimento de jogadores de seu clube, liderados por Romário, dispostos a não entrar em campo amanhã, em São Januário, para enfrentar o Cruzeiro. Os jogadores se baseiam na Lei Orgânica da CBF (artigos 60 e 61), que proíbe jogadores e clubes de disputarem duas partidas em período inferior a 66 horas. Eurico espera a decisão dos atletas. "Qual o problema se não acabar este ano? Ninguém vai morrer por causa disso", declarou.
O dirigente reuniu-se ontem com o vice-presidente da CBF, Alfredo Nunes, na sede da entidade. Ao sair, irritado, ignorou as perguntas dos jornalistas:
"Não estive aqui, não estive aqui."
À tarde, o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, admitiu que há problemas e disse que a entidade acatará qualquer decisão da Justiça.
O presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais do Rio, Alfredo Sampaio, confirmou que deve entrar hoje à tarde com uma ação no Ministério do Trabalho para assegurar o direito de descanso dos jogadores - depende somente de um aval de Romário. A mesma lei, no entanto, estabelece a possibilidade da realização de uma segunda partida após intervalo mínimo de 44 horas, desde que os dois clubes concordem. Neste caso, o clube mineiro deverá fazer uso de um documento, assinado por Eurico Miranda, concordando com as datas divulgadas para as etapas finais da Copa João Havelange.
Do lado do Cruzeiro, o presidente Zezé Perrella parece ter encontrado coragem para enfrentar Eurico Miranda. "Se ele não for jogar, ótimo.
Entraremos em campo e a vitória será nossa. Caso isso não aconteça, a Copa João Havelange não terminará porque não jogaremos em outra data", promete.
O diretor da Globo Esportes, Marcelo Campos Pinto, empresa que detém os direitos de transmissão das partidas da Copa João Havelange, não escondeu sua contrariedade com a polêmica. "Vai ter jogo, tem de ter jogo."