Brasília - A CPI da Nike vai trabalhar no recesso parlamentar. O presidente da comissão, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), divulgou nesta sexta-feira o calendário de audiências marcadas entre 16 e 30 de janeiro. Os integrantes da CPI farão audiência pública até no Maranhão, onde funcionaria um esquema de transferência irregular de menores para clubes estrangeiros.
Segundo Rebelo, os jovens são seduzidos com promessas de trabalho e estudo no exterior. Mas isso acaba não ocorrendo. O deputado contou que na viagem à Europa integrantes da comissão constataram que o esquema envolvendo menores passa pelo Maranhão. Rebelo revela que o ex-presidente do time maranhense Moto Clube, Cassas de Lima, é "personagem recorrente no mundo e submundo do futebol", conforme as investigações realizadas pela CPI.
Em janeiro, os primeiros a serem ouvidos serão os jogadores Warley, Edu e Jorginho. Todos os três tiveram problemas de passaportes falsificados, quando foram vendidos para o exterior.
O empresário que se apresenta como Jimmy Martins e foi apontado em depoimentos à CPI como a pessoa que arrumou dois passaportes falsos para jogadores brasileiros também irá depor em janeiro. Em contato com o advogado do empresário, Rebelo descobriu que o nome verdadeiro de Jimmy é Afonso Martins Costa Filho. Foi na conta de Afonso que o ex-jogador Careca depositou R$ 40 mil para que fosse providenciado o passaporte português para Jeda, vendido para a Itália.
Careca contou aos deputados que não sabia que o passaporte seria falso e que contratou os serviços do empresário apenas para agilizar a documentação de Jeda que seria neto de portugueses e, por isso, teria direito à cidadania portuguesa.
Outro empresário que será ouvido nas férias do Legislativo é Juan Figger. Rebelo revelou que pelas investigações preliminares verificou-se que o empresário tem conseguido sonegar imposto na transferência de jogadores para o exterior porque, antes, simula a venda para o Uruguai a um preço bem mais baixo. Mas, na verdade, o destino do jogador é a Europa.
Isso teria ocorrido com Lucas, do Atlético Paranaense, que foi transferido para o time uruguaio União Espanhol por R$ 2 milhões. O deputado informou que a operação passou por lá, mas o jogador foi vendido mesmo para um clube francês por R$ 26 milhões.