Rio - Há exato um ano, o Flamengo dava um passo decisivo para a entrada definitiva na era moderna do futebol. Depois de discussões polêmicas, o clube assinou, em 17 de dezembro de 1999, o contrato de parceria com a ISL, uma das maiores empresas de marketing esportivo do mundo, e oficialmente, o acordo passou a vigorar em 1º de janeiro.
Apontada como a solução para os problemas do clube, a parceria provou que pode ser benéfica, mas que também não é capaz de fazer milagres quando a gestão financeira não consegue manter a situação equilibrada. Como em qualquer casamento, a relação só é sustentada quando cada uma das partes contribui para o sucesso.
“A ISL está conhecendo o clube e nós estamos conhecendo a nossa parceira. Mas as duas partes estão muito próximas e todos os problemas são sempre resolvidos da melhor maneira. Estamos muito satisfeitos”, disse Edmundo dos Santos Silva, reeleito para administrar mais três anos da parceria.
Para o torcedor, o primeiro ano representou alegria no primeiro semestre, com o bicampeonato estadual, e frustração no segundo semestre, com o naufrágio do time de astros na Copa João Havelange. Astros que foram contratadas com recursos, segundo o próprio Edmundo dos Santos Silva, emprestados pela ISL, numa operação que não estava prevista no contrato e contestada por alguns conselheiros.
Com um ano de casamento, previsto para 15 na primeira etapa, as opiniões sobre o saldo da parceria se dividem. Há quem diga que a gestão financeira de Edmundo em 1999, com déficit de aproximadamente R$ 37 milhões, impediu que o clube tivesse a segurança tão sonhada.
“O contrato é bom, preserva os interesses do Flamengo, mas os princípios de que ele traria uma situação estável para o clube foram atingidos, pois o Flamengo gastou mais do que deveria. Pouco adiantou a ISL garantir o orçamento, porque os problemas do dia-a-dia não foram resolvidos”, disse o ex-presidente Luís Augusto Veloso, que espera mudanças na nova gestão de Edmundo dos Santos Silva. – Parece que Edmundo vai pôr os pés no chão, com corte de custos, e eu torço para que isso aconteça. O discurso, pelo menos, está mudando – completou Luís Augusto Veloso.
Mas há quem defenda ferozmente o contrato. Para o empresário Hélio Vianna, diretor da Pelé Sports & Marketing, empresa que aproximou o Flamengo da ISL, a parceria foi a salvação do clube. “As partes ainda estão se conhecendo, mas a parceria entre a ISL e o Flamengo é uma das melhores assinadas por um clube no Brasil. Sem a ISL, o Flamengo estaria destruído”, garantiu Hélio Vianna.
E Hélio Vianna foi mais além: “O Flamengo não pode ser administrado mais na base do oba-oba. Sua gestão tem de ser profissional. E para os lucros da parceria chegarem mais rapidamente, é necessário cortar custos. A parceria só funciona com as duas partes trabalhando em conjunto”.
É justamente nesse aspecto, segundo o ex-presidente Márcio Braga, derrotado por Edmundo na eleição realizada recentemente, que está o maior problema do relacionamento com a parceira: “O contrato é bom, mas tem de ser administrado. E o Flamengo não está fazendo o seu papel. Por sua parte, a ISL não pode fazer tudo o que o Flamengo manda. Se ocorrer alguma irregularidade, ela terá de analisar a documentação. O Flamengo é que será responsabilizado”.