Recife - Irritado com a desorganização do futebol brasileiro, o técnico Luís Felipe Scolari voltou a manifestar o desejo de dirigir um time no exterior. Os problemas que antecederam a partida entre Cruzeiro e Vasco, pelas semifinais da Copa João Havelange, deixaram o treinador revoltado. Ele fez duras críticas a vários setores do futebol no Brasil. "Se puder vou trabalhar fora, depois do fim do contrato com o Cruzeiro", declarou o treinador.
O treinador assinou contrato por três anos com o clube mineiro. Em respeito a esse compromisso, Scolari teria recusado o convite para dirigir a Seleção Brasileira, antes do acerta da CBF com Emerson Leão. Quando comandava o Palmeiras, o treinador recebeu um proposta para trabalhar no Real Betis, da Espanha, mas preferiu cumprir o seu contrato em São Paulo.
Desta vez, entretanto, ele garante que aceitará uma nova proposta. "Mas precisa exisitir estrutura por trás". Para o treinador, o futebol brasileiro chegou ao "fundo do poço". "Ou muda tudo ou não sei o que vai acontecer", afirmou. Entre os responsáveis pela confusão no esporte, Scolari incluiu o Clube dos 13, a Sportpromotion - ambos organizadores da João Havelange -, a televisão e Justiça Desportiva.
Lembrou o caso do atacante Giovanni, que foi suspenso pela Justiça Deportiva sem direito a efeito suspensivo. "Um outro atleta, que não era primário como ele, teve esse benefício", disse.
Scolari ressaltou, no entanto, que os problemas ocorridos antes da primeira partida da semifinal acabaram motivando os jogadores do Cruzeiro. "Adquirimos um sentido de grupo que não tínhamos até agora", observou. Na partida de volta, o treinador aposta na torcida para conquistar a classificação à final, mas descarta o favoritismo. "São 50% de chances para cada lado."