Porto Alegre - O Internacional precisou tomar uma atitude inusitada para um clube que precisa de dinheiro: o presidente Fernando Miranda telefonou para o Fluminense para pedir que o clube carioca não depositasse a primeira parcela do valor relativo à venda de Régis.

O passe do jogador, avaliado em R$ 1,5 milhão, foi penhorado como garantia de uma dívida trabalhista com o ex-massagista do Inter Antenor Moura, e a diretoria colorada efetuou a venda sem saber da penhora, complicando o negócio. Agora, o departamento jurídico do clube busca um acordo com os herdeiros de Moura, morto em 1983.

A ação impetrada por Moura em 1980 na Justiça do Trabalho exige horas extras e direitos trabalhistas relativos aos quase 40 anos durante os quais o massagista trabalhou no clube.

De acordo com o recém-empossado vice-presidente jurídico do clube, Sérgio Juchem, nem a presidência nem o serviço jurídico do clube sabiam da penhora quando a venda para o Fluminense foi elaborada.

O preço de R$ 1,5 milhão, dividido em uma entrada de R$ 600 mil e 12 parcelas de R$ 90 mil, é outro ponto questionável. Régis tem apenas 24 anos, foi formado no Beira-Rio e é um profissional com relativo prestígio entre os técnicos brasileiros. O valor é considerado baixo.

Quando a nova direção assumiu, no início deste ano, procedeu a uma série de auditorias no Inter, restritas às questões financeiras e à contabilidade. Os problemas trabalhistas não foram abordados, e por isso, quando vendeu Régis o clube não sabia que havia litígio.

Há três anos, o Inter e a família de Moura fizeram um acordo para parcelamento da dívida trabalhista, com a penhora do passe de Régis como garantia.

O caso estava nas mãos de advogados externos, que assumiram a causa para ajudar o Inter. Agora, a diretoria jurídica do Inter tenta substituir a penhora pela de outro jogador.

"Esperamos resolver tudo o mais rápido possível", disse Juchem.

Zero Hora