São Paulo - Os seguranças do Cruzeiro tiveram muito trabalho ontem à tarde para garantir a tranqüilidade na Toca da Raposa. Como a torcida pôde acompanhar os treinamentos da equipe a dois dias da partida decisiva com o Vasco, nas semifinais da Copa João Havelange, teve cruzeirense tentando burlar de qualquer jeito a segurança para conseguir uma foto ou autógrafo do ídolo.
Alguns aproveitaram os portões abertos - uma sugestão do técnico Luiz Felipe Scolari - para protestar contra a confusão armada pela diretoria vascaína.
Estenderam faixas nos alambrados e xingaram o presidente eleito do clube carioca. “Eurico Miranda: a vergonha do futebol brasileiro", dizia uma delas, de autoria da Máfia Azul, maior torcida organizada do Cruzeiro.
O dia ensolarado, as férias escolares e, é claro, o bom momento que vive o time acabou atraindo cerca de 800 torcedores à Toca da Raposa, para dar força ao time. Todos trocaram o direito de assistir aos treinamentos por um quilo de alimento não perecível ou por brinquedos e roupas usadas, que serão doadas para a campanha Ação e Cidadania.
O representante comercial Ramiro Modesto, 41 anos, levou os filhos Thiago, 8 anos, e Luciana, 3 anos, e os sobrinhos Alice, 11 anos, e João, 9 anos, para assistir pela primeira vez o time do coração treinar. O pai admite que suspendeu mais cedo o trabalho para realizar o desejo da criançada, que nem piscava o olho quando os jogadores passavam correndo perto do alambrado. O alvo principal dos olhares dos pequenos torcedores era o atacante Oséas que, para a tristeza do quarteto, não treinou. Foi poupado pois reclamou dores musculares.
Mas para a pequena Larissa Sales, de 5 anos, a festa foi completa. Afinal de contas, o ídolo Sorín estava em campo. De longe, ela gritava o nome do lateral-esquerdo argentino, chamando atenção dos outros torcedores que acompanhavam o treinamento. Vestida com a camisa do time e com uma faixa feita de purpurina prateada na cabeça, Larissa balançava sem parar uma bandeira onde se lia: “Cruzeiro campeão", enchendo de orgulho o pai, o representante comercial Celso Soares, de 40 anos, que se definiu como um “cruzeirense doente".
Outros torcedores tiveram um pouco mais de sorte e conseguiram chegar perto dos ídolos. Mas acabaram dando trabalho dobrado aos seguranças, que precisaram puxar alguns jogadores como Fábio Júnior e Sorín para que eles não se atrasassem no treino.