Pela primeira vez, Adriano não passará o Natal em Vila Cruzeiro. Hoje à noite, ele estará com a família, desfrutando o conforto e a segurança do apartamento na Barra. Ontem, no entanto, ele passou o dia na antiga casa, cumprindo uma rotina da qual não abre mão: rever os amigos de infância, pisar o campo do Ordem em Progresso, onde deu os primeiros passos rumo à fama, e distribuir presentes para crianças pobres da favela.

”Quando eu era menor, meus pais faziam um esforço e compravam o que podiam para mim no Natal. Agora é minha vez. O que eu puder dar de melhor para eles, vou dar. Gosto de ajudar minha família e o pessoal que cresceu comigo”, diz Adriano, ídolo e referência principal de Vila Cruzeiro.

Enquanto caminhava, assediado por crianças e amigos, Adriano recordava o que elegeu como o melhor ano de sua vida e fazia planos para 2001.

”Sempre tivemos dificuldades, mas as coisas estão melhorando. Este Natal será o melhor da minha vida. Realizei os sonhos de ser titular do Flamengo e jogar na Seleção. Agora, quero realizar um outro sonho que eu tinha desde a escolinha: dar uma casa bem confortável para os meus pais”, sonha o artilheiro.

A fama melhorou as condições financeiras e trouxe mais conforto. No entanto, Adriano lembra com carinho das festas de fim de ano de sua infância.

”A gente passava o Ano Novo numa casa lá no alto do morro. O pessoal se reunia e, depois de meia-noite, a gente pintava o corpo com carvão e ia batendo na porta das outras casas para pedir vinho. As pessoas acabavam saindo de casa para brincar junto com a gente. Graças a Deus, todo mundo superava os problemas do dia-a-dia com alegria”, recorda o atacante.

E para quem acha que o grande salto na carreira de Adriano já foi dado, ele faz planos ainda mais ambiciosos para 2001. Em janeiro, ele estará no Equador, disputando o Sul-Americano sub-20.

”Nem tive férias, já que fui convocado e fiquei treinando em Teresópolis. Quero jogar muito bem no Equador para depois me firmar na Seleção principal”, planeja.

A rotina simples de Adriano contrasta com os altos valores que começam a cercar sua carreira. Após a ascensão rápida que teve em 2000, o jogador chegou à Seleção Brasileira aos 18 anos, viu seu salário, que era de R$ 10 mil mensais, mais do que triplicar, e hoje é incluído pela diretoria rubro-negra na lista dos jogadores mais caros do elenco.

Segundo o vice-presidente de futebol do Flamengo, Walter Oaquim, Adriano só deixa o clube por, pelo menos, US$ 20 milhões.

”Por menos do que isso, não vamos negociá-lo em hipótese alguma. Pelo que vemos no mercado do futebol, Adriano vale US$ 20 milhões”, disse Oaquim.

L!Sportpress