Porto Alegre - Eles vivem na gangorra. Quando vencem são amados. Quando perdem, odiados. De quem falamos? Dos técnicos de futebol, claro. A Copa João Havelange, que chega ao seu final, afirmou nomes como Jair Picerni, do surpreendente São Caetano, Marco Aurélio, do Palmeiras, e Geninho, ex-Paraná e agora no Santos. A balança também pesou para o outro lado. Treinadores consagrados como Levir Culpi, Oswaldo Alvarez, o Vadão, e Zagallo, não conseguiram erguer suas equipes e decepcionaram seus torcedores.
O Campeonato Nacional teve boas surpresas. Vejam o caso de Picerni, por exemplo. Estava lá, tranqüilo em São Paulo, fora do circuito dos grandes clubes treinando o desconhecido São Caetano. Quietinho no seu canto, trabalhou sério na organização de um time sem estrelas. Se deu bem. Decidiu o título do módulo amarelo com o Paraná Clube. Perdeu mas garantiu presença entre as 16 melhores equipes do azul.
Mostrando um futebol descompromissado, o São Caetano desbancou Fluminense, Palmeiras e Grêmio e assegurou vaga na decisão. Ser campeão seria a glória, mas Picerni não precisa dele para fechar um grande contrato em 2001. "Minha equipe faz gols, joga para frente e dá espetáculo", vibra Picerni, que já desperta a cobiça de clubes de ponta do país.
Jair Picerni não foi o único a valorizar seu trabalho na temporada de 2000. Marco Aurélio teve um ano e tanto. Destacou-se na Ponte Preta e logo depois acertou-se com o Cruzeiro, no qual foi campeão da Copa do Brasil derrotando o Palmeiras. O inusitado: depois da competição, Luiz Felipe Scolari, do Palmeiras, foi para o Cruzeiro, enquanto Marco Aurélio acabou por ser contratado pelo time paulista.
Em São Paulo, Marco Aurélio encarou um grupo sem craques e começou quase do zero. Não arrepiou. Montou uma equipe competitiva, baseada na experiência de alguns jogadores como Arce, Galeano e Tuta e, especialmente, na juventude de Tiago Silva, Juninho e Taddei. Fez um bom Campeonato Nacional, sendo eliminado nas quartas pelo São Caetano. O time de operários palmeirenses chegou perto do título da Mercosul, mas acabou, de forma surpreendente, deixando o Vasco reagir e virar a partida. "A derrota não tira o brilho de tudo o que foi feito no Palmeiras", avaliou Marco Aurélio.
O ex-goleiro Geninho é outro que merece destaque. Também pegou um grupo desprovido de estrelas e, mesmo assim, foi longe. Conquistou o título do módulo amarelo e só não seguiu adiante porque enfrentou o ótimo Vasco da Gama. O Santos é seu novo desafio.
Oswaldo de Oliveira é outro que fechou o ano em alta. Além de acertar o time do Vasco, mostrou personalidade ao sair do clube carioca quando o dirigente Eurico Miranda interferiu no seu trabalho.