São Paulo - O impasse salarial entre Corinthians e Edmundo provocou uma forte reação do maior cifrão do elenco corintiano no momento. Jogador mais bem remunerado do Parque São Jorge, o meio-campista Marcelinho criticou a política de contenção de gastos e redução da folha de pagamento aplicada pelos dirigentes do Timão.
“Isso é ridículo. Não existe. Cada profissional tem o seu valor e só tem que adotar essa política se baixar as cotas de TV e patrocínio que os clubes recebem”, dispara Marcelinho, que recebe cerca de R$ 150 mil mensais.
“É o jogador que traz a grana para o clube e as pessoas que regem o futebol estão ganhando muito. Ninguém vai baixar nada. Jogador de futebol tem carreira curta. Só joga até os 30 e pouco”, protesta.
Segundo Antonio Roque Citadini, Edmundo recusou o teto salarial do clube (cerca de R$ 150 mil). O valor é parecido com o que Marcelinho recebe no Timão. A proposta ao Animal foi apresentada na terça-feira. No Santos, Edmundo recebia por mês mais do que o dobro do teto corintiano: cerca de R$ 340 mil.
“Temos interesse que o Edmundo jogue esta temporada pelo Corinthians e a proposta que apresentamos é o teto salarial do clube. Dois ou três jogadores ganham o mesmo. Ninguém recebe mais”, garante o vice-presidente Roque Citadini.
Nem mesmo a possibilidade de Edmundo chegar ao Parque São Jorge recebendo o salário mais alto do grupo incomoda Marcelinho. “Acho a contratação do Edmundo sensacional e aqui ninguém vê contrato de ninguém. O importante é que alguém chegue e ajude o grupo em campo”.
Por conta da política de contenção de gastos, os dirigentes corintianos deixaram à margem da mesa de negociações as grandes estrelas. As últimas contratações de impacto do Timão foram concluídas mediante empréstimos gratuitos, sem custo algum para o clube: o goleiro Dida, em 99, e o atacante Müller, em 2000.
Outro sinal da cautelosa política corintiana é a falta de reposição de alguns destaques da conquista do Mundial de Clubes: as perdas de Dida, Vampeta, Rincón e Edílson até hoje não foram supridas.
“Essa é a política que estamos adotando. Se o futebol rendesse mais, você poderia pensar em uma mudança”, diz Roque Citadini, que aguarda novo contato de Edmundo para continuar a negociação.