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Ronaldo se nega a falar sobre contrato da Nike à CPI
Quarta-feira, 10 Janeiro de 2001, 11h29
Atualizada: Quarta-feira, 10 Janeiro de 2001, 11h38

São Paulo - O atacante Ronaldo, da Internazionale de Milão, negou-se nesta quarta-feira a falar sobre seu contrato com a Nike durante seu depoimento à CPI do Futebol, que investiga justamente as relações entre a empresa de materiais esportivos e a seleção brasileira, que ela também patrocina.

Questionado sobre se a obrigatoriedade de sua escalação constava do contrato, Ronaldo disse que não poderia falar sobre o assunto. Como o contrato é internacional, disse Ronaldo, só quem poderia falar sobre ele seria a Nike.

Ronaldo fez a afirmação ao responder a pergunta do deputado Eduardo Campos, autor do requerimento de sua convocação. O deputado pediu ao presidente da CPI, Aldo Rebelo (PC do B-SP), que faça algum tipo de interferência, porque, sem conhecer o contrato, não poderá dar prosseguimento às investigações.

Rebelo lembrou que Ronaldo prestou juramento e prometeu dizer a verdade.

Ronaldo também se negou a responder se teria direito a prêmio da Nike caso participasse da final, com o mesmo argumento.

O atacante também disse que fez exames antes da final da Copa da França, em 98, que demonstraram que ele não tinha nenhum problema clínico. Assim, pediu ao treinador Mário Zagallo para jogar, apesar de Edmundo já haver sido escalado no seu lugar por conta da convulsão sofrida pelo atacante da Inter.

O depoimento de Ronaldo começou às 10h45 desta quarta-feira, com atraso.

Ronaldo abdicou dos 20min de explanação inicial a que teria direito e preferiu ser submetido imediatamente às perguntas dos deputados.

Os deputados começaram a questionar o atacante com base nos depoimentos do atacante Edmundo e do treinador Mário Zagallo, ouvidos pela comissão no ano passado.

O atacante descreveu os minutos que antecederam à final da Copa de 98, contra a França. Ele disse que se ofereceu para jogar, mesmo depois da escalação de Edmundo, porque se considerava em boas condições físicas, e eximiu o treinador Mário Zagallo de culpa pelo fato de o ter escalado.

Ronaldo disse aos deputados que não se lembra do momento em que teve a convulsão e que só teve contato com o técnico Zagallo quando foi ao refeitório lanchar. No refeitório, foi informado de que não tinha condições de jogo pois havia tido uma crise, atribuída pelo médico Lídio Toledo a um estresse emocional.

O atacante teria então argumentado com o médico dizendo que sentia-se bem e que poderia disputar a final, sendo levado em seguida para uma clínica, para fazer exames médicos. Acompanhado pelo médico Joaquim da Matta, Ronaldo teria permanecido na clínica por cerca de duas horas.

O atacante afirmou que não jogaria a final se os exames tivessem constatado algum problema, mesmo tratando-se da partida mais imporatante de sua vida. Informado de que devido à natureza das complicações que teve, um provável comprometimento poderia ser acusado apenas 24 horas depois da crise, Ronaldo disse que confiou no diagnóstico dos médicos da seleção, uma vez que os resultados dos exames haviam sido analisados e aprovados pelo Conselho de Medicina do Rio de Janeiro. Ele negou que estivesse sob o efeito de qualquer tipo de medicação nos dias que antecederam a final da Copa.

Ronaldo também negou que tenha tido problemas como dificuldades para dormir durante a copa, ao contrário do que o lateral-esquerdo Roberto Carlos havia dito em declarações à imprensa.

Redação Terra e L!Sportpress


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