Pelotas - Eles não se cruzam nos gramados há 28 meses. Mas o sucesso do Pelotas no Gauchão 2001, em contraste com a penúria política e financeira do Brasil, fez ressuscitar a mais acirrada rivalidade do interior do Rio Grande do Sul.
Enquanto o Pelotas exibe vigor dentro e fora de campo, liderando o Gauchão, o Brasil agoniza às escuras, a 48 dias da estréia na série B.
Nesse clima de supremacia, o Pelotas entra em campo neste domingo para defender a liderança isolada do Gauchão contra o São Luiz, de Ijuí. Com seis pontos ganhos e nenhum gol sofrido, a equipe tem pela frente o São Luiz, sexto colocado na tabela e detentor da defesa mais vazada do campeonato. Mais cinco jogos serão disputados neste domingo, às 18h.
Com as finanças sanadas, o clube conquistou novo patrocinador e reformulou a equipe para a disputa do Gauchão. Para que o rebaixamento não rondasse a Boca do Lobo como no ano passado, o clube investiu em 13 contratações. O goleiro Rafael, o zagueiro João Miguel, o lateral Pedrinho e o veterano André Carpes, 33 anos, formam a espinha dorsal do time.
Com o passe vinculado ao Necaxa, do México, João Miguel quase foi negociado com o Joinville. Mas as negociações não evoluíram e o capitão está confirmado para o jogo de hoje. Já André Carpes, autor do gol que deu a liderança ao Pelotas na vitória de quarta-feira sobre o São José em Porto Alegre, começa o jogo no banco de reservas.
"Cheguei há 12 dias e não estou em condições físicas satisfatórias", admitiu o jogador no treino de sexta-feira, enquanto aprimorava chutes de média distância, sua especialidade.
Clube do Interior com melhor retrospectiva em campeonatos gaúchos –com seis vice-campeonatos e o título de 1930–, o Pelotas foi buscar num ex-treinador do rival o comando para reeditar as vitórias do passado. Guilherme Macuglia foi dispensado do Brasil durante a disputa do Módulo Amarelo da Copa João Havelange. A eterna rivalidade faz a direção do Pelotas desdenhar o passado do técnico.
"Não acompanho clubes da segunda divisão", debocha o diretor de futebol Manoel Oliveira, aproveitando para alfinetar o Brasil.