São Paulo - Foram necessários 159 torcedores feridos e um Campeonato Nacional que ainda não tem campeão para se iniciar um processo que, se for cumprido e respeitado, pode deixar os estádios brasileiros mais seguros, confortáveis e dignos de abrigarem aqueles que alimentam a paixão pelo futebol.

Se o projeto sair da boa intenção para a prática, um dia, por exemplo, todos vão assistir aos jogos de seus times sentados em lugares marcados.

De uma reunião, sexta-feira passada, promovida pelo ministro da Justiça, José Gregori, e da qual participaram Ricardo Teixeira, presidente da CBF, representantes de federações regionais e parlamentares das comissões que investigam o futebol brasileiro, surgiu a iniciativa de uma mudança radical na forma de tratar torcedor. Uma das pautas foi a extinção da chamada geral, aqui no Estado melhor exemplificada pela coréia, do Beira-Rio, que abriga torcedores em pé. Só que não foi definido nenhum prazo para que isso seja feito e nem para que sejam instaladas nos estádios acomodações com pelo menos 50 centímetros entre um lugar e outro e com a respectiva numeração.

Por enquanto tudo não passa de uma boa intenção. De concreto mesmo, ficou decidido que os clubes tem até amanhã para encaminhar à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) um laudo do Corpo de Bombeiros ou por outras autoridades, que comprove as boas condição físicas de seus estádios. Quem não o fizer, sofrerá a redução de 50% de sua capacidade, como punição preventiva. Na próxima segunda-feira será realizada nova reunião em Brasília e dela deve sair o prazo para os se instalarem nos estádios os lugares numerados.

A dupla Gre-Nal passou por vistorias na semana passada e tanto o Olímpico como o Beira-Rio foram preliminarmente aprovados nos quesitos básicos de segurança, "O Beira-Rio recebe até 65 mil pessoas sem problemas", declara Fúlvio Petracco, vice-presidente de patrimônio do Inter, que afirma já existirem estudos para o aproveitamento da coréia e que o processo de fixação dos locais marcados depende da CBF. – É preciso um esclarecimento sobre como deve ser feito, assim como o prazo que teremos para cumprir as exigências.

Segundo o diretor de patrimônio do Grêmio, Plínio Almeida, o clube também está em dia com a segurança. Pelo laudo apresentado à Brigada Militar, o Olímpico pode receber exatos 51.081 torcedores, todos sentados.

Em Caxias do Sul, dirigentes de Caxias e Juventude também aguardam maiores esclarecimentos sobre a iniciativa. O Estádio Centenário, do Caxias, não enfrenta problemas com torcedores de pé. Tem capacidade para 30 mil pessoas sentadas. Em grave situação financeira, o clube teria dificuldades em realizar a adaptação aos lugares numeradas. Com capacidade para cerca de 25 mil pessoas sentadas, o Estádio Alfredo Jaconi, do Juventude, é o melhor estruturado da Serra em termos de segurança e conforto.

Zero Hora