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Ronildo quer esquecer vaias e concorrência
Sexta-feira, 19 Janeiro de 2001, 00h12

Belo Horizonte - Era início de temporada. O time teve pouco tempo para se adaptar ao estilo do técnico Abel Braga. Mas a raiva da torcida pelo desempenho aquém do esperado na estréia do Atlético na Copa Sul_Minas tinha alvo certo. O lateral-esquerdo Ronildo, mais uma vez, carregou a responsabilidade pelo placar que não agradou aos atleticanos - 1 a 1 com o Atlético/PR, quarta-feira, no Mineirão. Mas não se deixou abalar e está disposto a brigar com o recém-contratado Edson para continuar no time titular.

“Eu já esperava por isso. Entrei em campo sabendo que, se o time estivesse perdendo, eu seria o culpado. Ia sobrar para mim. Acho que vai ser sempre assim, quando o time jogar em casa", revela o lateral-esquerdo, que foi vaiado em todos os lances que participou. Magoado, Ronildo deixou o estádio o mais rápido que pôde, de táxi, direto para casa. Só ontem ficou sabendo do resultado da partida.

O lateral-esquerdo foi substituído no intervalo - o lateral-direito Paulo César também. Ele explica que a alteração foi provocada pelas dores que sentiu no joelho esquerdo, operado dia 11 de novembro - rompimento nos ligamentos. A última partida de Ronildo havia sido contra o Boca Juniors, dia 8 de novembro, pela Copa Mercosul, em Buenos Aires. “Eu estava há uns dois meses sem jogar e acabei sentindo muitas dores. Mas, enquanto estive em campo, cumpri corretamente tudo o que foi pedido pelo treinador. Com certeza, eu não era o pior em campo", avalia Ronildo, que desempenhou papel mais ofensivo, ligando contra-ataques com Marques, conforme orientação de Abel Braga.

Toda a impaciência da torcida é, para o lateral-esquerdo, apenas uma das motivações que ele terá para continuar brigando para ficar no time titular. A contratação de Edson junto ao Corinthians, na semana passada, é outra razão.

“Tenho mais dois anos de contrato no Atlético e pretendo cumpri-los. Gosto muito do clube e de Belo Horizonte. Foi muito importante a vinda do Edson, pois o time só tinha um na minha posição e eu ficava sobrecarregado", comenta.

O armador Lincoln, que também foi alvo de vaias da torcida assim que entrou em campo, no intervalo do primeiro para o segundo tempo, teve mais sorte. Depois de 28 minutos de jogo da etapa complementar e algumas boas jogadas, foi dele o gol de empate do Atlético - que perdia mesmo com um jogador a mais e três atacantes em campo.

No final do jogo, Lincoln desabafou. Disse que estava no Atlético há 14 anos - ele foi revelado nas categorias de base do clube e estava acostumado com as cobranças. Mas que sabe como ninguém do seu potencial e, sendo assim, não se abala com as vaias.

A situação vivida por Ronildo e Lincoln é semelhante à do meia Hernani, que este ano foi emprestado à Portuguesa. No Atlético, ele já não tinha mais oportunidades na equipe titular devido à impaciência da torcida, que se comportava da mesma maneira que hoje faz com o lateral-esquerdo e o armador. Hernani acabou sendo envolvido em uma troca com a Portuguesa, que liberou o meia Alexandre - que estreou bem contra o Atlético/PR.

Outros dois jogadores que também sofreram na mão da torcida foram os laterais Bruno e Mancine, que foram emprestados nesta temporada - o primeiro se transferiu para o Internacional e, o segundo, para a Portuguesa.

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