Blumenau - Ubiratan, Adilson, Hélio Rubens e Marquinhos. Com toda essa companhia, Milton Setrini Júnior, o Carioquinha, 50 anos, fez história na seleção brasileira de basquete dos anos 70. ”Jogávamos por música’’, lembra. “Cada um sabia o que o outro ia fazer, e onde estava posicionado’’.
Como ala-armador da seleção, Carioquinha transformou-se num mito do basquete masculino; foi tetracampeão Sul-Americano, e medalha de prata nos Panamericanos de 1971 e 1983, além de bronze em 1975 e 1979. Toda esta experiência estará comandando a partir de agora a equipe masculina de basquete do Ipiranga, de Blumenau. Agora, o seu desafio é como técnico do Ipiranga, que estará disputando o Campeonato Brasileiro no próximo final de semana.
A postura despojada fora das quadras, o falar manso e tranqüilo, são deixados de lado na hora do trabalho com os jogadores. A concentração é no trabalho, o que aprendeu já nos anos 60, quando ia se formando nas divisões de base do Palmeiras. Apesar do apelido, o técnico é paulistano. Mas reside no Rio, onde encerrou a carreira como jogador no Flamengo, em 1991. Carioquinha foi apresentado nesta semana aos jogadores que vai comandar durante a competição nacional.
O que mais o impressionou neste início de trabalho com o Ipiranga?
Carioquinha - O trabalho do clube é bem estruturado. Os jogadores estão mostrando imensa disposição. O time é rápido, leve, o que poderá ser bem trabalhado dentro da Liga. Só falta a chegada dos norte-americanos.
O que precisa ser melhorado dentro dessa estrutura?
Carioquinha - Por enquanto, nada. Vamos esperar os norte-mericanos, e como tudo vai funcionar dentro da competição.
Como técnico, o que você aproveita dos 22 anos de jogador profissional e dos 14 atuando na Seleção Brasileira?
Carioquinha - Foram muitos anos de trabalho, sendo dirigido por diversos técnicos, e convivendo com diferentes métodos de trabalho. Também fiz vários estágios e clínicas. Hoje, acabo englobando tudo na minha própria visão de basquete.
O que era bom na sua geração do basquete, que não se vê mais no jogador de hoje?
Carioquinha - Acredito que o principal é o trabalho com os fundamentos do jogador, na categoria de base. Na nossa época, passe, controle de bola, arremesso, defesa, tudo era bem trabalhado com a garotada.
E porque existe essa falta de renovação no basquete brasileiro, com poucos novos valores surgindo?
Carioquinha - Acho que essas falhas no trabalho de base tem tudo a ver. Não é preciso ir longe para ver o processo. O Jefferson (pivô) do Ipiranga é um exemplo comum. Ele tem uma estrutura física excelente para o basquete, mas, caso tivesse sido mais trabalhado, daria um belo jogador na posição 3 (ala). Hoje, a questão física fala mais alto no desenvolvimento do jogador.
Conte como você levou o Uberlândia, considerado azarão, às semifinais do Campeonato do ano passado.
Carioquinha - Lá, o segredo de tudo foi o trabalho. Não só o meu, como o de toda a equipe. A união foi muito grande, e o esforço se refletiu nos resultados em quadra.
E no Ipiranga, será possível repetir uma campanha como a de Uberlândia no ano passado?
Carioquinha - O que eu digo é que aqui vou trabalhar para chegar lá. Mas não depende só de mim. O time do Uberlândia era mais forte. Os jogadores também vão ter que se esforçar.