Belo Horizonte - Polêmica à vista no Atlético. De um lado, o “atacante-meia-volante" Cleison. Do outro, o técnico Abel Braga. Nada de discussões dentro ou fora de campo ou incompatibilidade de gênios. Muito pelo contrário, já que os dois trabalharam juntos no futebol português. É por ter essa liberdade com o treinador que Cleison revela o desejo de não voltar a atuar como meia, assim como no jogo contra o Atlético/PR, quarta-feira.
“Quero jogar como volante. De preferência, sendo o segundo, bem próximo da área. Tenho mais facilidade" _ registra o jogador, que também tem outras justificativas para pleitear seu lugar preferido. “Mesmo o Atlético não indo bem no segundo semestre do ano passado, vários times estavam de olho no meu futebol. Corinthians e Santos se interessaram e só não me transferi porque não houve um acordo com o Atlético".
Quando começou a carreira, há dez anos, no Cruzeiro, Cleison era atacante. Em 1994, com a chegada de Ronaldinho (o da Inter de Milão), o então técnico Levir Culpi acabou recuando o jogador, de forma que atuasse como meia-ofensivo. “Até que o Wesley se machucou e tive que jogar como meia-defensivo.
O Levir me perguntou se eu havia gostado de jogar atrás; eu disse que sim. E é assim que prefiro jogar até hoje", explica.
Cleison foi contratado pelo Atlético no início do ano passado, junto ao Grêmio. Foi improvisado como meia-ofensivo apenas uma vez, por Márcio Araújo. “Já naquela época, havia dito a ele que estava disposto a brigar por uma vaga como volante e que jogaria na frente apenas para ajudar. E uma vez só, como aconteceu".
Nem mesmo a chegada de dois volantes - Romeu, contratado ao Corinthians, e Anderson, ex-Internacional - fazem Cleison mudar de idéia. “Se o Abel achar que os que chegaram são melhores, prefiro esperar", afirma o jogador.
O técnico Abel Braga entendeu o recado. E retruca com outro. Para o treinador, Cleison pode render bastante jogando mais avançado, devido às suas qualidades como jogador ofensivo. Problema é o receio de ter a defesa desguarnecida, devido às constantes investidas de Cleison no ataque.
“Já trabalhei com ele no Belenenses, em Portugal. Jogava como centroavante. Sei que prefere jogar como segundo volante. Inclusive já me falou sobre isso. Mas, pelas suas qualidades ofensivas, ele sai demais para o ataque e pode deixar a defesa aberta", avalia o treinador.
“O importante é ter um jogador como Cleison, que pode ser adaptado em várias posições", pondera Abel Braga, que não diz se o volante será mantido como meia ofensivo contra o Marcílio Dias, quarta-feira, pela Sul-Minas, caso Ramon - com dores nos pés - continue vetado.