Rio - Dispostos a desvendar um possível esquema de adulteração da idade de jogadores de futebol, os membros da CPI da Câmara, que investiga supostas irregularidades no futebol brasileiro, ouviram nesta quinta-feira atletas, dirigentes, empresários e donos de cartórios do Maranhão.
Segundo a Agência Câmara, a Comissão está convencida de que existe no estado uma rota de tráfico de menores para o exterior e vários jogadores com certidões de nascimento adulteradas, os chamados gatos.
Dentre os depoimentos colhidos nesta quinta-feira o que foi considerado mais proveitoso pelos membros da CPI foi o do ex-dirigente do Moto Clube Antônio Henrique Farah Rego. Ele denunciou um esquema envolvendo um médico do clube, do ex-presidente do Moto Clube Cassas de Lima e do empresário italiano Joseph Rubullotta, conhecido por negociar menores de idade para o futebol do exterior. Este esquema buscava facilitar a saída desses menores do país.
Os deputados estão desconfiados da participação de tabeliães no processo de adulteração da idade de jogadores. Do cartório de Registro Civil de São Luís foram roubadas mil certidões de nascimento em branco, que estariam na casa de Cassas de Lima, que também é vice-presidente da Federação Maranhense de Futebol.
Para o deputado Eduardo Campos (PSB-PE) não existe dúvidas de que há um esquema de fraudes no Maranhão.
“Já conseguimos identificar claramente a rota de transferência de menores para o futebol europeu e da Tunísia. Isso porque o Maranhão é um Estado que tem grandes valores no
futebol, o que tem atraído a cobiça de empresários inescrupulosos, que têm montado times de
fachada e contado com a complacência de dirigentes da Federação Maranhense de Futebol - afirmou Campos”.
Os membros da CPI que estão no Maranhão colhendo os depoimentos são os seguintes deputados: Aldo Rebelo PCdoB-SP), presidente da Comissão, Pedro Celso (PT-DF), Eduardo Campos (PSB-PE), Léo Alcântara (PSDB-CE), José Rocha (PFL-BA), Silvio Torres (PSDB-SP), Jurandil Juarez (PMDB-AP) e Nelo Rodolfo (PMDB-SP).
Todas as informações colhidas serão autuadas, analisadas pela CPI, em Brasília, e se procedentes, encaminhadas ao Ministério Público para oferecimento de denúncia.