São Luís - O médico Antônio Cassas de Lima foi a primeira pessoa a ter sua prisão solicitada na CPI da Nike. O presidente da comissão, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), deu voz de prisão ao ex-dirigente do Moto Clube e atual vice-presidente da Federação Maranhense de Futebol (FMF) às 22h05 de quinta. Ele foi acusado de falso testemunho e conduzido.
Na Polícia Federal, porém, o delegado Marcos Roberto não encontrou motivos para lavrar o auto de prisão. Cassas foi liberado e responderá a inquérito. A lista de fatos que levou a CPI a pedir a prisão de Cassas tem pelo menos nove itens. O relator da CPI, deputado Sílvio Torres (PSDB-SP) justificou o pedido de prisão que acabou não sendo atendido.
"Apelei para que ele falasse a verdade, mas ele insistiu em mentir", comentou Eduardo Campos (PSB-PE). Cassas foi levado para a Superintendência da Polícia Federal por dois policiais. Ele não foi algemado.
O clima na Assembléia ficou bastante tenso. Uma das filhas do médico tentou acompanhá-lo mas o tumulto causado pelos jornalistas que queriam registrar o fato a impediu de prosseguir. Nervosa, ela não quis dar declarações e perguntava em voz alta quem teria determinado a prisão de seu pai. Falsificação dos documentos do jogador Cleber, confirmado pelo atleta, evidências de falsificação dos documentos de outros dois atletas - Joaquim e Fernando - há onze anos, recebimento do dinheiro da venda de Delson para o clube tunisiano Monastir, assinando como se fosse presidente do Moto, e falsificação de documentos de atletas transferidos para o exterior foram algumas das acusações que justificaram o pedido de prisão.
ACUSAÇÕES
Também na lista do relator Sílvio Torres consta ainda a denúncia de que havia na casa de Cassas um bloco com os registros de nascimento em branco. Os papéis teriam sido roubados do Cartório de Registro Civil da 3ª Zona, em janeiro do ano passado. A venda de jogadores para a Bélgica e Tunísia, cujo pagamento não foi parar nos cofres do Moto Club, também foi um dos motivos para o pedido de prisão para Cassas de Lima.
O diretor de Futebol do Expresssinho Futebol Clube, Estelmar da Silva Bastos, o Carioca, considerou a decisão da CPI "uma conseqüência de suas mentira". Mas deixou claro que não é inimigo pessoal de Cassas. O depoimento de Cassas foi o mais longo de ontem. Começou às 19h30 e só teve fim após as 22h. Testemunhas que o citaram - Carioca, Antônio Henrique de Morais Rego - ex-presidente do Moto Club -, e o jogador Raimundinho foram chamadas para uma acareação. Durante todo o seu depoimento o ex-dirigente do Moto entrou em contradição.