Porto Alegre - A contenda envolvendo a saída de um jovem craque direto do futebol gaúcho para a Europa está longe de acabar com a solução no caso de Ronaldinho. Com a ascensão de Fábio Rochemback, chegou a vez de os colorados sofrerem com o risco de perder seu diamante mais precioso.
O telefone da confortável residência dos Rochemback em Soledade, a 222 quilômetros de Porto Alegre, não pára. Diariamente, recebe várias ligações de empresários. Um deles ofereceu US$ 1 milhão para que Juarez, o pai do volante, lhe passasse procuração para negociar o jogador. A resposta foi rechaçada na hora. Juarez admite que os valores são perturbadores e, por isso, impede que cheguem até o filho no Equador, onde disputa o Sul-Americano sub-20. Todos os interessados são aconselhados a procurar o Inter. Mas ontem dois italianos descobriram Soledade no mapa. Foram até lá e almoçaram com Juarez. O nome do clube é mantido em sigilo pelo pai, mas a revista Guerin Sportivo já noticiou o interesse da Juventus.
Os planos da família para Fábio estão traçados. Ele fica no Beira-Rio em 2001 e vai se transferir para a Europa em 2002. Um empréstimo para o Inter em 2002 não está vetado. Colorado fanático, Juarez não quer frustrar a torcida. Por isso, toda e qualquer negociação será tocada com cautela e com a concordância de todas as partes envolvidas. Na Itália, a Roma nega qualquer negociação envolvendo Fábio Rochemback. Mas admite estar observando o jogador.
"Não temos absolutamente nada em negociação, é um jogador muito novo ainda. Mas não posso negar que o estamos observando", disse o diretor de futebol da Roma, Franco Baldini, ao jornalista gaúcho Roberto Pato Moure, radicado na Itália.
O Inter se preveniu contra a ganância dos europeus. Renovou o contrato de Fábio por quatro anos e deixou em aberto o acerto do último ano de salário. Incluiu no contrato uma cláusula penal, confirmada por Juarez. Trata-se de uma permissão prevista na Lei Pelé. Caso o jogador queira rescindir o contrato, deverá pagar cem vezes o seu salário anual. No primeiro ano de contrato, Fábio ganhará R$ 15 mil mensais. Se quisesse rescindir, teria que pagar R$ 18 milhões ao Inter.
"Só fizemos isso por garantia, temos a certeza absoluta de que o passe do Fábio é nosso. Como foi assinado em janeiro, antes da entrada em vigor da Lei, seguirá sendo do Inter depois dos quatro anos de contrato", explica o vice jurídico do Inter, Sérgio Juchen.