Rio - Bruno tem 20 anos, vai jogar neste domingo pela primeira vez pelo time profissional do Botafogo, acaba de comprar um Gol, modesto, ano 1998, mora em Realengo e ainda é um desconhecido da torcida alvinegra. O zagueiro assinou, recentemente, seu primeiro contrato como profissional, ganhando aproximadamente R$ 2 mil mensais.
No clássico de amanhã, a zaga do Flamengo terá o paraguaio Gamarra, que completa hoje 30 anos, já disputou uma Copa do Mundo, fez quase cem jogos pela seleção paraguaia, recebe cerca de R$ 430 mil por mês, mora na Barra da Tijuca e, diariamente, chega ao clube numa vistosa caminhonete Pajero.
O abismo que separa Gamarra e Bruno não significa, para o paraguaio, que o Flamengo poderá ter facilidade no clássico. Para o rubro-negro, juventude e estréia não devem, necessariamente, combinar com timidez. “O que conta é o estilo de jogar. Jogador bom mostra isso logo que estréia, sob qualquer circunstância. Jogar contra time pequeno é fácil. Difícil é mostrar valor num clássico. Se ele tiver personalidade, vai jogar sem medo e fazer o que sabe, inclusive falar em campo e comandar a defesa”, comentou o paraguaio.
Gamarra lembra que na sua estréia como profissional jogou em condições desfavoráveis. “Eu tinha 20 anos e o Cerro Porteño ficou sem um lateral-esquerdo para um jogo importante pela Copa Libertadores. Eu tinha de mostrar serviço e entrei jogando ao meu estilo. Falei muito em campo e joguei com personalidade”, disse.
Mesmo sem ter ouvido as palavras de Gamarra, Bruno parece tê-las como uma orientação para a carreira. O zagueiro esbanjou personalidade ao falar de sua expectativa para a estréia, amanhã. “Estou tranqüilo e vou tentar fazer o simples. Vou enfrentar Reinaldo e Adriano. Sempre venci o duelo contra eles nas divisões de base”, garantiu Bruno.
O jovem jogador do Botafogo faz rasgados elogios ao paraguaio Gamarra, mas garante que foi um zagueiro brasileiro que sempre serviu de exemplo para ele. “Mauro Galvão é um espelho para mim. Sempre o vejo jogar e tento aprender com ele. Para chegar a ser o que é Gamarra, falta muita coisa para mim. Não tenho nem o que falar de um jogador que disputou uma Copa do Mundo sem ter feito uma falta. Para atingir o nível de Gamara, é preciso ser um bom profissional. Tanto dentro quanto fora de campo”, afirmou Bruno.
A comparação de salários e carros não parece tirar o sono de Bruno. “Comprei o meu carro com o dinheiro suado que ganho, com muita ralação”, brincou.
Gamarra, que recentemente disse não considerar alto demais o seu salário, afirma que hoje é um jogador importante pela experiência: “Competições de alto nível, como Copa do Mundo, nos deixam mais experientes. O tempo também ajuda muito. Isso valoriza o jogador”.