Porto Alegre - Ele tem o mesmo sobrenome de um jogador consagrado. E também uma mesma característica de jogo: velocidade. E não por acaso. Leandro da Silva Ferreira, do Rio Grande, é o irmão mais novo de Lúcio, ex-Inter e titular da Seleção Brasileira.
Aos 20 anos, Leandro já é um peregrino. A exemplo do irmão, passou pelos juvenis do Beira-Rio – mas não deu certo. Saiu do Rio Grande do Sul para tentar carreira fora e voltou. Agora como meia-atacante no Rio Grande, tem a chance de realizar um sonho: voltar ao Inter, seu time do coração, para ser titular, seguindo os passos do irmão famoso, hoje no Bayer Leverkusen.
Aos 17 anos, Leandro deixou a casa da mãe, em Brasília, com a mesma esperança que carregam todos os meninos da sua idade: ser craque e chegar à Seleção Brasileira. E ele ainda tinha uma vantagem. A experiência do irmão que, na época, era zagueiro de destaque do Inter. Primeiro tentou o Vitória-BA, mas não teve muitas oportunidades de mostrar o seu futebol. Quando surgiu o convite do Inter para integrar a equipe juvenil, não titubeou. Arrumou as malas e partiu em direção a Porto Alegre. Entretanto, ficou quase sempre no banco. Oito meses depois, desfez as malas e voltou para Brasília.
Engano pensar que ele estava desistindo do sonho de tornar-se profissional. Leandro foi tentar o Gama. Lá, também não ficou muito tempo.
”O Gama não era bom porque não tinha divulgação”, justifica o irmão de Lúcio.
Mais uma vez voltou para Minas Gerais. Jogou pelo Yuracan, da segunda divisão do Estadual – e nada. Há duas semanas, o empresário Evanoé Cirne, o Neco, dono do passe, o trouxe para o interior gaúcho. Feliz na nova equipe, Leandro acredita que sua hora chegou.
”Agora eu estou quase lá! Acho que neste sábado entro em campo pelo menos no segundo tempo”, comemora o jogador.
O jogo de sábado ao qual Leandro se refere é o amistoso contra o ex-clube dele e do irmão Lúcio. No Beira-Rio, às 10h, entrada franca, o Rio Grande enfrenta os titulares do Inter. O técnico Eduardo Pereira confirma a presença do jogador.
”Apesar de estar conosco há duas semanas, posso ver futuro no Leandro. Não é tímido com a bola, entra na área, bate bem e joga de cabeça erguida”, define o técnico.
Em Porto Alegre, ficará hospedado na concentração colorada. Aliás, morar em clube é a vida de Leandro – pelo menos por enquanto. O meia-atacante passa seus dias no alojamento do Rio Grande, treinando dois turnos. Lá tem comida de graça e companhia de mais 15 colegas, que ajudam a distrair a saudade dos familiares.
”Minha família é muito humilde, mas o Lúcio dá assistência para mim e para minha mãe. É muito carinhoso. Como ele está na Alemanha, liga duas vezes por semana para ela, mas a gente só se encontra no fim do ano, em Brasília, durante as férias.”
Amanhã é dia de ver se Leandro, além do sobrenome, tem também o futebol do irmão. No Beira-Rio.