Belo Horizonte - A possibilidade de ficar sem Lincoln e Romeu no primeiro clássico
das semifinais da Copa Sul-Minas, contra o Cruzeiro, amanhã, no
Ipatingão, somada aos problemas com a zaga, complica o trabalho
do técnico Abel Braga. O treinador do Atlético lamenta a situação
inusitada justamente no momento de um jogo tão importante. Mas
garante que aguardará até a última hora antes de lançar mão dos
jovens valores da equipe, como os zagueiros Carlão e Rodrigão e o
volante Rolete, que poderá entrar no lugar do Lincoln.
Ontem à tarde, no Centro de Treinamento de Vespasiano, Abel
Braga desabafou. “Como eu estou lamentando não ter colocado a
equipe reserva no sábado", soltou. “Não merecemos este castigo.
Perdemos muitos jogadores e agora podemos ficar sem Lincoln e
Romeu", lamentou.
O treinador considera Lincoln como peça-chave do Atlético neste
momento. “Com ele, eu posso mudar o esquema de jogo, sem
precisar trocar de jogador", explicou Abel Braga. Para a posição do
volante, uma opção imediata seria Ramon. Mas o técnico já
descartou essa possibilidade. “O Ramon disse que quer jogar na
posição dele. E eu respeito isso", afirmou. Nesse caso, o jovem
Rolete está cada vez mais cotado para ocupar a posição de Lincoln
no clássico.
A diretoria do Atlético aguarda uma definição sobre a renova ção do
contrato de Lincoln. O assessor da presidência, Hissa Elias Moisés,
confirmou ontem que houve uma conversa no final da tarde de
domingo entre ele e o procurador do jogador. “As coisas avançaram
um pouco. Não temos como afirmar se serão resolvidas até
quarta-feira, mas estamos trabalhando para isso", declarou. Há a
possibilidade, pequena, de ser feito um seguro para o atleta jogar.
“Se estivermos próximos de um acordo com ele, aí poderemos optar
pelo seguro", adiantou Moisés.
Lincoln, no entanto, não concorda com essa posição. “As conversas
estão sendo feitas, eu quero ficar e gostaria de jogar já neste
clássico. Mas não acho viável jogar com um seguro. Não gostaria",
declarou o jogador.
O volante Romeu não deverá mesmo participar do clássico de
amanhã e há a possibilidade de também não jogar no sábado. Ele
sofreu estiramento no músculo anterior da coxa esquerda durante o
jogo contra a Caldense, mas não fez os exames médicos previstos
para ontem de manhã porque o especialista não se encontrava na
cidade. “Acho difícil contar com ele, mas vou esperar até o último
minuto", disse Abel Braga, que chama a atenção dos zagueiros
Carlão e Rodrigão, caso eles entrem em campo no clássico.
“Eles entraram com muita pose contra a Caldense e não podem
fazer isso. Têm que jogar sério", alertou o técnico. O armador
Alexandre deverá jogar. Ele acredita que se recuperará a tempo da
entorse no pé esquerdo, sofrida no último jogo.
O jovem zagueiro Rodrigão, 20 anos, garante: os três anos de
entrosamento com o colega Carlão, mesmo tendo sido apenas nas
categorias de base, o tranqüilizam para disputar o clássico de
amanhã, se for realmente escalado. A pouca idade não é empecilho,
garante o jogador, que acredita saber como marcar Oséas e
companhia.
Rodrigão veio para o Atlético em 1995. Carlão, que tem a mesma
idade, veio em 1998. “Desde então, estamos treinando e jogando
juntos. Estamos bem entrosados", comenta Rodrigão. Esta poderá
ser a primeira vez que Rodrigão atuará como titular num clássico no
profissional. “Já fiquei no banco uma vez, em 1999, no Campeonato
Brasileiro, quando o Atlético derrotou o Cruzeiro por 3 a 2", declarou
o jogador.
Para bloquear as investidas do ataque cruzeirense, Rodrigão já tem
a receita. Alto, será bastante útil nas jogadas aéreas. “Eles têm
grandes jogadores e fazem jogadas muito rápidas e perigosas. Nós
temos que ter muita atenção, todo o tempo, e marcar muito forte,
sem dar espaço, senão complica", explicou.
O técnico Abel Braga só faz um alerta aos dois zagueiros: “Eles
entraram com muita pose contra a Caldense. Vou conversar com
eles, porque não pode ser assim, nunca."
O meio-campo Anderson estréia em clássicos contra o Cruzeiro.
“Será um jogo decisivo, pois quem vencer terá todas as chances de
se classificar. Psicologicamente, também será bom para o jogo de
sábado, pelo Estadual", lembra o catarinense. “É sempre bom jogar
um clássico. O único aspecto ruim, no caso aqui, é enfrentar três
vezes seguidas a mesma equipe. É meio desgastante. ", explicou
Anderson.