Londres - Poucos na Fórmula 1 prestam atenção ao velho ditado de que ``em time que está ganhando não se mexe''. Isso se deve em parte ao ritmo implacável do desenvolvimento tecnológico que a categoria apresenta, mas também por não haver mais muitas equipes competitivas, em condições de vencer uma corrida.
A campeã mundial Ferrari e sua concorrente direta, a McLaren, são as únicas equipes que ganham uma corrida desde setembro de 1999, quando o britânico Johnny Herbert deu uma surpreendente vitória à equipe Stewart em Nurburgring.
Os carros vermelhos e prateados ganharam juntos 17 corridas e dividiram 322 pontos na temporada passada, enquanto a Williams, terceira colocada teve de se contentar com 36 pontos. A Ferrari e a McLaren dividiram os títulos de pilotos e construtores desde que a Williams e Jacques Villeneuve venceram em 1997.
Sete dos 22 pilotos a se alinharem no grid do GP da Austrália, no dia 4 de março, não estavam na temporada passada.
O colombiano Juan Pablo Montoya, o finlandês Kimi Raikkonen, o espanhol Fernando Alonso e o brasileiro Enrique Bernoldi são debutantes nas equipes Williams, Sauber, Minardi e Arrows, respectivamente. O brasileiro Tarso Marques, que já disputou corridas pela Minardi, retorna à equipe.
O francês Olivier Panis volta a correr pela BAR depois de passar a temporada passada como piloto de testes da McLaren, enquanto o brasileiro Luciano Burti estréia depois de disputar um GP pela Jaguar substituindo Eddie Irvine.
Um vento de mudanças soprou na F1 desde outubro, mas a Ferrari parece mais protegida do que a maioria das outras equipes.
O diretor Jean Todt, o diretor técnico Ross Brawn, o chefe do departamento de motor Paolo Martinelli e o designer Rory Byrne foram confirmados em seus cargos até 2004.
O campeão mundial Michael Schumacher está garantido por contrato até o final de 2002 e seu companheiro de equipe continua a ser o brasileiro Rubens Barrichello.
``Nós temos uma equipe vencedora e compacta'', disse o presidente da Ferrari, Luca Di Montezemolo. ``Nós queremos manter a estabilidade conquistada nestes últimos anos. Nós vencemos e queremos continuar vencendo. Nossos homens-chaves continuarão conosco por um longo tempo''.
Montezemolo reclamou do assédio de outras equipes em cima de seus funcionários de ponta. Tad Czapski, especialista em eletrônica, saiu da Ferrari para a Benetton. Em seu lugar, entra Chris Dyer, ex-Arrows, que vai comandar a análise de dados do carro de Schumacher.
McLaren, Benetton, Jaguar, Jordan e Prost também anunciaram mudanças.
A Jaguar tem como novo conselheiro-chefe o ex-campeão Nikki Lauda, enquanto a Prost tem no brasileiro Pedro Paulo Diniz um novo parceiro. Diniz aposentou-se como piloto e comprou boa parte da equipe depois de terminar a temporada passada em último lugar, sem nenhum ponto.
Steve Nichols e Henri Durand saíram da McLaren e se juntaram à Jaguar e à Prost, respectivamente, enquanto o engenheiro de design Stephen Taylor foi contratado pela Sauber.
Mike Gascoyne começou seu trabalho na Benetton, depois de sair da Jordan. Outro que percorreu o mesmo caminho de Gascoyne foi o chefe de design Mark Smith.
``Será uma grande perda para nós, sem dúvida alguma'', disse a porta-voz da Jordan a respeito da saída de Smith.
Por outro lado, a Jordan terá o reforço de Eghbal Hammidy, especialista em aerodinâmica que trabalhava na Arrows.