São Paulo - A experiência de Henrique, volante do Barbarense, no futebol chinês durou apenas 15 dias. Neste período, o jogador sequer esteve na China. Após acertar sua transferência ao Qingdao, Henrique se juntou aos companheiros do novo time em Sydney (AUS). Na cidade-sede dos últimos Jogos Olímpicos, ele participou da pré-temporada que o clube fazia, melhor alternativa para escapar do rigoroso inverno chinês.
Alguns dias em Sydney foram o bastante para o volante perceber que havia sido enganado. De início, ao contrário dos termos do pré-contrato assinado ainda no Brasil, teve de se submeter a um período de testes no clube, junto com outros três jogadores brasileiros. "Quando assinei o pré-contrato, seria o terceiro estrangeiro do time. Como cada time chinês pode ter quatro jogadores estrangeiros, estava tranqüilo. Em Sydney, descobri que teria de fazer testes com outros três brasileiros. Fui enganado. Não seria louco de trocar uma vitrine como o Campeonato Paulista por uma aventura", explicou Henrique.
No período de testes a que foi submetido, o volante quase não treinou fisicamente e disputou quatro jogos-treinos. Não foram o bastante para que fosse aprovado para ficar em definitivo. "Logo percebi que era tudo armação. Como meu empresário ficou na China, não tinha quem me defendesse. Alguém que pelo menos evitasse uma sacanagem. Perdi a vaga para o Alexandre Rosa (veterano, ex-zagueiro do Palmeiras) porque o técnico disse que ele era mais alto e também jogava como volante", lembra o jogador.
As tentativas de Henrique em convencer o treinador chinês a lhe dar uma chance pouco adiantaram. "Ainda tentei explicar que também jogo nas laterais e na meia, mas com chinês não tem conversa. É tudo do jeito que eles querem.
A frustrante passagem pelo futebol chinês trouxe Henrique de volta ao União. No último domingo, ele fez sua reestréia pelo Leão da 13, contra o Botafogo, em Santa Bárbara D’Oeste. No primeiro jogo, parecia fora de ritmo, com a cabeça em outro lugar. Talvez na China ou na Austrália, onde o volante aprendeu uma lição: sair do Brasil, só com contrato assinado. "Sou novo ainda e esta experiência serviu como lição para não confiar demais nas pessoas. No futuro, posso voltar para o exterior, até mesmo para a China. Mas só vou se estiver tudo certo no papel", promete o volante.