São Paulo - Do Mundial de Clubes, em janeiro de 2000, ao início da temporada deste ano, o lateral Felipe desceu do auge ao ostracismo no Vasco. No primeiro semestre foram dois vice-campeonatos: no Mundial e no Estadual. A segunda metade de 2000 foi ainda pior. Uma fratura no tornozelo direito o tirou dos campos por dois meses. Na volta, o time disputava as finais das Copas João Havelange e Mercosul. O lateral foi para o banco e afastado depois de brigar com a diretoria. Ou, como ele afirma, ele preferiu se afastar para ser negociado.
A oportunidade de dar a volta por cima chegou quando o Vasco voltou atrás no acordo com o Palmeiras e não liberou Euller de volta. O lateral foi contratado pelo Verdão por empréstimo até julho deste ano, quando se encerra seu contrato com o Vasco e deve ganhar passe livre.
Sua saída do Vasco foi conturbada. O que aconteceu? Irritação por ter sido barrado na equipe ou desentendimento com a diretoria?
Felipe: A verdade é que nunca fui barrado no Vasco. Fraturei o tornozelo direito no segundo semestre e, quando voltei, a equipe já estava nas finais das Copas João Havelange e Mercosul. No primeiro semestre, quiseram (o então técnico Abel Braga) barrar o Gilberto e me colocar na lateral. Eu falei não. Queria jogar no meio. Com todo respeito, sabia que tinha vaga ali. Sei onde minha perna alcança.
Você se sentiu desvalorizado?
F: Claro, mas em todo clube é assim. Não valorizam prata da casa. Eu tinha quatro anos de clube. Em 97, Edmundo era o cara mais cobrado. Em 98, éramos eu e Juninho. Em 99, ficamos eu, Edmundo e Juninho. Nessa época não valorizaram. Então era melhor sair. Todos dizem que o Vasco me afastou. Nada disso. Eu que quis sair.
O Palmeiras demorou para aceitar seu empréstimo como substituição da volta do Euller. Você sente que veio como contrapeso no negócio?
Não, sabe por quê? Porque acho que o Palmeiras saiu no lucro. Com todo o respeito ao Euller, o Palmeiras lucrou e vai lucrar ainda mais.
Nas duas últimas partidas você parece ter voltado a jogar um pouco do que jogava no Vasco...
F: Eu ainda não estou no auge da minha forma. Eu disse que ajudaria, mas poderia não agradar.
O técnico Celso Roth montou um esquema com três zagueiros para lhe dar mais liberdade. Isso ajudou?
Sim, de repente ele notou que o time com três zagueiros ficaria mais forte na marcação e, com isso, podia explorar melhor a minha habilidade e a do Alex. E vem dando certo. Passamos por um momento ruim no Paulista, mas estamos bem na Libertadores, com 100% de aproveitamento.
O Palmeiras deveria priorizar a Libertadores?
F: A equipe que disputa vários campeonatos e tenta ganhar tudo, acaba ganhando nenhum. O rendimento nunca vai ser o mesmo.
Em entrevista ao LANCE!, (o técnico) Emerson Leão disse que os alas estão matando os pontas. Por ter características ofensivas, você acha que está mais longe da Seleção?
F: Não, não. Se o treinador diz para você só ficar na marcação e não passar do meio-campo, você só fica ali. Cada um tem uma forma de trabalhar.