Salvador - Depois de frases fortes e acusações mútuas, o relacionamento entre o pugilista campeão do mundo dos superpenas pela Organização Mundial de Boxe, Acelino "Popó" Freitas, e seu ex-treinador Luís Carlos Dórea, parece estar voltando a um clima amistoso. Na semana passada, os dois usaram a boca e não os punhos para trocar golpes, em virtude da saída do lutador da empresa Oficina de Idéias, da qual Dórea é sócio.
Dórea foi o técnico de Popó por 12 anos. Mas nada disso serviu para amenizar o tom das denúncias do campeão mundial. Ele culpou o treinador de ser conivente com o repasse de 75% de suas bolsas para a empresa que gerenciava sua carreira. Em sucessivas entrevistas, Popó insinuou que Dórea não seria seu amigo, "pois se fosse não concordaria com estas condições".
Mais tranqüilo e tentando manter a diplomacia, o treinador reitera que as bases contratuais nunca foram essas. "Popó não ganhava apenas 25%, isso não é real", assegura, sem querer revelar quais os verdadeiros valores envolvidos. Dórea afirma estar aberto à reconciliação e que tudo depende da vontade do pugilista. "Eu ainda não recebi nenhuma ligação dele, mas parece que ele tem interesse em reatar. Espero que tenha refletido sobretudo que aconteceu", confirma.
A reaproximação entre os dois maiores personagens do atual boxe baiano também pode ter como conseqüência a reintegração de Popó ao staff da Oficina de Idéias. O boxeador está em São Paulo para gravação de comerciais e programas de televisão, em companhia de Geraldo Brandão, um dos sócios da empresa. Depois de anunciar seu desligamento semana passada, Popó afirmou que passaria a ser empresariado pelo mexicano Ricardo Maldonado. No caso de retornar à Oficina de Idéias, Maldonado será responsável por promover as lutas internacionais.
Final feliz - Uma decisão final pode ser tomada nesta quarta-feira, quando está prevista a chegada de Popó à Bahia. Aparentemente, Dórea sonha com um final feliz. "Considero Popó um filho meu. Nossa convivência é de mais de uma década e uma coisa dessas não pode ser jogada fora", enfatiza.
É o oposto do sentimento vivenciado ao tomar conhecimento das declarações do pugilista. "Naquela hora fiquei muito decepcionado. Eu sempre disse que colocaria meus dois braços na fogueira por Popó e quando vi o que ele disse senti como se estivessem sendo queimados", lamenta.
O treinador também faz questão de lembrar que esteve presente na formação do atleta desde sua infância. "Popó não apareceu em 17 de agosto de 99, quando conquistou o título mundial. Ele é fruto de muita dedicação desde 1990. Ele só precisa saber que amizade se conquista ao longo do tempo e que é muito fácil pessoas que ele nem conhece dizerem que são amigas dele agora", avisa.