Porto Alegre - Em litígio com o Grêmio, sem alarde, um tanto magoado com críticos e dirigentes que o endeusaram e depois o acusaram de traição, Ronaldinho embarcou na segunda-feira, às 18h53min, para a França.
Nesta terça-feira, ele foi apresentado ao técnico do Paris Saint-Germain (PSG), Luiz Fernandez, no Estádio Parque dos Príncipes. Jantará com os amigos Christian e Vampeta. Sua nova residência deverá ficar no bairro Saint-Germain-en-Laye, perto da sede do clube.
Embora vá se apresentar no PSG, Ronaldinho não ficará em definitivo. No dia 20 deste mês, estará em Porto Alegre para a audiência de conciliação com o Grêmio na 26ª Vara da Justiça do Trabalho. "Ele vai curtir a vida, fazer compras, escolher a nova casa, se entrosar com seus novos amigos", afirmou Eric Lovey, amigo da família Assis há quase duas décadas e representante do Canal Plus, parceiro do PSG, na América do Sul.
Lovey e Assis embarcaram com Ronaldinho, de São Paulo para Paris, onde desembarcará no Aeroporto Charles de Gaulle hoje por volta das 11h30min (horário local, 6h30min pelo horário de Brasília).
Enquanto Ronaldinho acerta sua vida em Paris, o PSG deverá pedir licença provisória à Fifa para evitar riscos de não contar com ele a partir de julho. O motivo é a liminar concedida ao Grêmio pela Justiça do Trabalho, que impede o craque de jogar sem ressarcimento de R$ 84 milhões ao clube gaúcho. O PSG já tem cópia da liminar e sabe das implicações de colocá-lo em campo sem a derrubada da medida judicial. O pedido de licença faz parte da estratégia usada pelo PSG em casos semelhantes.
Se o PSG conseguir a liberação da Fifa – com o argumento de que é ilegal impedir um cidadão de trabalhar –, o craque poderá desfilar pelos gramados franceses enquanto o clube negocia com o Grêmio. Só que o um acerto na negociação é muito mais estratégia do que realidade.
Com a urgência em conseguir dinheiro para saldar dívidas que chegam a R$ 70 milhões (entre curto prazo, longo prazo e déficit operacional de 2000), de acordo com o relatório do Conselho Fiscal, o Grêmio ficaria em uma encruzilhada: aceitar uma quantia nem tão alta assim por um craque das dimensões de Ronaldinho, mas aliviando o caixa, ou esperar indefinidamente pela decisão da Fifa, que pode ser prejudicial e ainda sem dinheiro na mão.
Para o PSG, seria uma boa saída: além de contar com o jogador a partir de julho, quando começa a temporada européia, mal arranharia o seu orçamento para ter Ronaldinho, encerrando com sucesso a briga pelo artilheiro. No ano passado, o presidente José Alberto Guerreiro jurou ter em mão proposta de US$ 80 milhões do Leeds United, mas recusou-se a vendê-lo. Eric Lovey admite o pedido de licença provisória para Ronaldinho. Mas nega o acordo.
"Quem decidirá isso será a Fifa. Por que fazer acordo com alguém como eu, que consideram indesejável? Aliás, se o Grêmio tem tanta certeza assim que receberá R$ 84 milhões por ele na Justiça, não há motivo para fazer acordo", afirmou Lovey.
O empresário nega a existência de proposta de US$ 5 milhões mais a quitação das parcelas referentes à compra de Marcelinho junto ao Olympique, de Marselha, como forma de resolver o litígio. O Grêmio também nega qualquer acordo.