Florianópolis - Uma audiência pública nas próximas semanas em Joinville deverá ajudar nas investigações sobre doações feitas em 1998 pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) à Federação Catarinense (FCF) e ao JEC, sobre as quais pairam dúvidas quanto à legalidade. Segundo o parlamentar federal Carlito Merss (PT-SC), a bancada do Partidos dos Trabalhadores na CPI da CBF/Nike (no Congresso Nacional) vai pedir a realização da audiência na cidade. A idéia da sessão partiu do deputado Dr. Rosinha (PT-PR), um dia depois das revelações apontadas na CPI, na qual a FCF recebeu R$ 185 mil e o tricolor, R$ 60 mil, através de cheques emitidos pela Confederação entre setembro e dezembro de 1998. Os dados foram apurados por membros da CPI, que realizaram auditoria nas contas da entidade maior do futebol brasileiro.
O que a CPI quer saber são os motivos que levaram a CBF a praticar as doações num ano em que a Confederação teve prejuízo declarado de R$ 15,1 milhões. Vários então candidatos às eleições estaduais de 1998 também foram contemplados, em outras regiões do País. A suspeita de desvio de verbas da Confederação cresceu ontem depois que o ex-presidente do JEC Márcio Vogelsanger (à frente do clube na época) disse ao deputado Merss que jamais o Joinville recebeu os R$ 60 mil, conforme relatou ao DC o parlamentar petista.
Na Federação Catarinense, em Balneário Camboriú, a versão do presidente Delfim Peixoto Filho é de que os quatro cheques, totalizando os R$ 185 mil, foram repasses normais da CBF e devidamente contabilizados.
O episódio das remessas ao tricolor (através de dois cheques, de R$ 50 mil e de R$ 10 mil) é o segundo este ano de repercussão nacional envolvendo o nome do Joinville. A CPI da CBF/Nike também apura o caso do volante tricolor Kell (que está com o contrato suspenso), suspeito de ser “gato”, isto é, de atuar com idade falsa. Kell é irmão do lateral-direito Itabuna, do Roma (SP), sob investigação pelo mesmo motivo. Se comprovada a fraude, Kell e Itabuna deverão ser suspensos.