Londres - Bem que Pequim gostaria de estar vivendo um período político mais calmo, à medida que se aproxima o momento da decisão sobre a candidatura da capital chinesa para ser sede das Olimpíadas de 2008.
A disputa entre a China e os EUA em razão do choque com o avião espião ocorreu em momento inoportuno: o Comitê Olímpico Internacional (COI) chegará à sua decisão sobre o tema dentro de 3 meses.
Mesmo assim, Pequim ainda é vista como a favorita a vencer a concorrência com Toronto, Paris, Istambul e Osaka. A votação está prevista para o dia 13 de julho em Moscou.
A comissão de avaliação do COI visitou as cinco cidades ao longo dos últimos dois meses e está formulando um relatório com os pontos altos e baixos de cada uma delas. Toronto e Paris são hoje as mais cotadas no caso de Pequim não ser a escolhida.
Mas a capital chinesa conta com alguns trunfos: entre eles, um mercado atrativo para os patrocinadores dos Jogos e a oportunidade do COI fazer história ao levar as Olimpíadas pela primeira vez para o país mais populoso do mundo.
O fantasma do massacre de 1989 da Praça da Paz Celestial (Tiananmen) levou à derrota de Pequim quando disputava contra Sydney para sediar as competições de 2000. As violações aos direitos humanos por parte do Partido Comunista vêm minando novamente a candidatura chinesa.
Na semana passada, dissidentes fizeram protestos em Lausanne, na Suíça, onde fica a sede do COI, pedindo que a China fosse condenada pela Comissão de Direitos Humanos da ONU e exigindo que as Olimpíadas não sejam realizadas no país.
No mês passado, uma coalizão bipartidária do Congresso dos EUA pediu ao COI que negue a Pequim o direito de receber os Jogos em razão dos problemas com os direitos humanos.
O Comitê Olímpico Chinês respondeu com ``forte indignação'' contra a moção norte-americana. Um de seus comunicados afirmou: ''Esse tipo de manifestação não apenas viola o espírito olímpico como também vai contra os objetivos e princípios do movimento olímpico''.
Entretanto, as abaladas relações entre a China e o presidente americano, George W. Bush, não são necessariamente más notícias para a candidatura de Pequim. Será interessante observar como os membros do COI reagirão à nova controvérsia.
No momento, a mensagem do COI é uma só: os políticos devem deixar o assunto Olimpíadas para o COI. O belga Jacques Rogge, um dos favoritos para se eleger novo presidente da entidade no mesmo encontro em Moscou, declarou: ``Governos, por favor parem de dar instruções ao movimento desportivo. Isso pode acabar levando a boicotes. Direitos humanos são um problema individual de cada membro."