Londres - Corra no domingo, venda na segunda. É por isso que os fabricantes de carros e seus patrocinadores investem centenas de milhões de dólares na Fórmula 1. Não importa que possa haver apenas um vencedor, ou que apenas três equipes, como a Ferrari, a McLaren e a Williams atualmente, tendam a dividir entre si as maiores conquistas.
Os fabricantes de carros e outras marcas, que vendem computadores, relógios, cigarros, softwares, serviços de e-mail, roupas, pneus, combustível, seguro e serviços de informação (a Reuters patrocina a BMW-Williams), lembram que, vencendo ou perdendo, patrocinar corridas de automóvel é sempre um bom negócio.
A exposição dessas marcas pintadas na carenagem vermelha das Ferraris ou na prateada das McLarens que aparecem nas TVs de todo o mundo causa aparentemente um grande impacto. ``Vença no domingo, ou ao menos corra no domingo, e venda na segunda. Eles (os fabricantes de carros e patrocinadores) parecem acreditar nisso'', disse Andrew Graves, diretor para a Europa do Programa Internacional de Veículos Motorizados da Universidade Bath, da Grã-Bretanha.
E a chave do interesse parece estar na grande audiência mundial que o esporte consegue atrair, algo que alguns estimam em cerca de 700 milhões de pessoas durante os dias de corrida da temporada, que dura nove meses.
A quarta corrida do atual campeonato mundial, o Grande Prêmio de Imola, ocorreu na Itália, neste domingo. ``Esse é o maior esporte do mundo em termos de audiência depois das Olimpíadas e da Copa do Mundo. Mas, ao contrários delas, ocorre a cada duas semanas e não a cada quatro anos'', disse Merrick Taylor, professor da Universidade De Montfort, Grã-Bretanha, que estimou o número de espectadores em uma média de 500 milhões de pessoas, com picos de 700 milhões.
A indústria, porém, acredita que o público das corridas chegue a cerca de 300 milhões de pessoas, um número bastante alto.
Devido a essa grande oportunidade de marketing, os fabricantes de carros mostram-se preparados para investir grandes somas em suas equipes. Segundo a revista Eurobusiness, uma equipe campeã de Fórmula 1 custa cerca de US$ 250 milhões por ano.
E esses números explicam porque os investidores reagiram negativamente aos boatos de levar o espetáculo para a TV paga, algo que obrigatoriamente limitaria o público do esporte. Os fabricantes de carro reagiram à possibilidade, ameaçando criar sua própria Fórmula 1 depois de o contrato atual chegar ao fim, em 2007.
Graves não acredita nessas especulações. ``Agora que há menos dinheiro da indústria do cigarro no esporte, os fabricantes de carros são os maiores investidores. Assim, essa proposta me parece uma ameaça vazia'', disse.