Rio - A paciência de Valdson tem limite. Angustiado com o atraso salarial (cinco meses no direito de imagem e três na Carteira de Trabalho), o quarto-zagueiro do Botafogo dá sinais claros de insatisfação com as promessas de pagamento que nunca se tornam realidade. "Estou a ponto de explodir. A situação está muito difícil, pois saco vazio não fica em pé. Nós trabalhamos e, o que é pior, não vemos solução. Não adianta esconder mais isso. Recebo cobranças da família, do banco. Eu sou o sustento da minha família e da minha mulher", disse.
Valdson se põe à disposição para ser negociado e saldar as dívidas do clube. Mas aproveita para ironizar os dirigentes, que rejeitaram propostas por vários jogadores no começo de temporada. "Eu e Rodrigo temos mercado e a minha venda ou a dele seria a solução para tudo. Só não entendo por que no ano passado a diretoria recebeu propostas e não vendeu ninguém. É preciso bom senso em relação à necessidade de negociar jogadores", afirmou Valdson.
Apesar da garantia de ter motivação para vestir a camisa alvinegra, Valdson admite que a alegria de trabalhar faz parte do passado. "Saio de casa alegre, mas quando chego ao Caio Martins fico triste. Não dá mais para sorrir com a cabeça inchada de problemas", garantiu.
Valdson, no entanto, afirma que o dever profissional é o grande estímulo para os companheiros continuarem na luta pela Taça Rio. "Precisamos tirar motivação do nosso interior, pois temos nome a zelar", admitiu o zagueiro, em referência ao clássico deste domingo, contra o Fluminense, no Maracanã.
Ao comparar o caos financeiro a uma bola de neve, Valdson se sente prejudicado com relação à Seleção. "A crise afeta o time. Independentemente de como um gol é f eito, a culpa é sempre da zaga. O que Juan faz para ser cobiçado eu fiz no ano passado. Mas o técnico era Wanderley Luxemburgo", esbravejou.