Rio - Ele sempre foi visto como uma grande revelação das divisões de base do Flamengo. Pouco depois, começou a ter seu nome gritado pela torcida rubro-negra, que queria vê-lo como titular. No ano passado, Júlio César ganhou a posição de Clemer e, com grandes atuações, justificou a expectativa que nele era depositada. Daí até conquistar de vez os torcedores, foi questão de tempo.
A vida profissional de Júlio César tem sido, como ele próprio definiu, um mar de rosas. No entanto, no sábado ele conheceu o outro lado da moeda: viu sua primeira grande falha no Flamengo se transformar num gol que, se não foi decisivo, serviu como uma grande lição. "Vi que era a hora de parar para pensar um pouco na minha carreira. As coisas não vão correr sempre às mil maravilhas, principalmente para um goleiro. É uma situação ruim, desagradável, pela qual ninguém gosta de passar. O mais importante é saber trabalhar o lado psicológico".
O goleiro, que admite perder sempre algumas horas revendo a gravação de cada jogo que faz pelo Flamengo, acha que reagiu bem à falha. Antes do gol sofrido contra o Cabofriense, apenas um erro seu havia terminado em gol. Fora contra o Botafogo, na Copa João Havelange, disputada no ano passado.
"Ninguém pode ficar remoendo as coisas, ficar com o lance na cabeça para sempre. Mas eu sou muito perfeccionista, gosto de tentar sempre atingir a perfeição. É claro que, na hora, eu vi que errara e fiquei pensando no que havia acontecido. Acho que reagi bem. Fui exigido em alguns lances logo após a falha e fui bem", afirmou Júlio César.
Ele agradeceu, também, à torcida rubro-negra. "Logo depois do gol, gritaram o meu nome. A torcida me apóia muito e isso me deixa feliz. Ainda mais em se tratando de um goleiro. Sempre somos heróis num dia e sacrificados no outro. Tento lutar para que isso não aconteça comigo.
Júlio César diz que se sente mais maduro para lidar com situações adversas, comuns na carreira".
"Vou aprendendo a enfrentar esse tipo de coisa. Quem joga por um clube de massa precisa estar preparado para as pressões. Caso contrário, é melhor jogar por clube pequeno. Não é por causa de um lance que eu vou me deixar abater," afirmou.
Para quem tem apenas 21 anos, Júlio César chama a atenção pela tranqüilidade e pela liderança. "Reconheço que talvez tenha ido muito confiante naquela bola. Ela quicou e acabou me encobrindo. Mas isso já faz parte do passado. Aconteceu na hora em que podia acontecer, já que o Flamengo havia construído uma vantagem bem ampla no placar. Estou com apenas 21 anos e tive no jogo contra o Cabofriense um ótimo aprendizado para os 15 anos de futebol que eu ainda quero ter pela frente".
Júlio César elogiou a atuação do time no jogo de sábado. "Fizemos um grande primeiro tempo. Com o placar de 3 a 0, a acomodação era até normal.