Zeltweg, Áustria - Em entrevista distribuída nesta segunda-feira pela Ferrari, por meio de seu site oficial, o diretor esportivo da escuderia, Jean Todt, faz pesadas críticas à postura de Rubens Barrichello depois do GP da Áustria de Fórmula 1. Segundo o francês, o piloto não teria direito a desobedecer uma ordem do time, por ser um funcionário “como qualquer outro".
Domingo, em Zeltweg, o brasileiro obedeceu uma ordem da Ferrari e abriu mão do segundo lugar no GP em favor de Michael Schumacher, seu companheiro. A vitória ficou com David Coulthard, da McLaren, adversário direto do alemão na disputa do título. Terceiro colocado, Barrichello reclamou da decisão ferrarista porque, na opinião dele, “o Mundial ainda está só no início".
Irritado, o brasileiro revelou que uma cláusula de seu contrato exige que ele abra passagem para o tricampeão sempre que o time mandar. “Vou conversar com a equipe, porque esse tipo de coisa não tem que acontecer a essa altura do campeonato", disse, domingo.
A resposta de Todt foi imediata. Na entrevista divulgada segunda-feira, ele afirma que atendeu ao pedido de Barrichello para a tal conversa. “Ele merecia uma explicação e eu não levei muito tempo para fazer isso", afirmou. “Sei que ele está desapontado por ter perdido o lugar. Mas todos sabem que, moralmente, ele foi o segundo".
Todt respondeu uma a uma às críticas de Barrichello após o GP. “Rubens é parte do time e tem que fazer o que a gente manda. Ele é um profissional, pago para fazer seu trabalho, para atuar pelos interesses da equipe. É óbvio que ele tem que obedecer", afirmou.
Michael Schumacher disse que não entende os motivos de tanta polêmica com a atitude da Ferrari, porque os que protestam agora certamente iriam cobrar esta atitude da escuderia italiana, caso ela perdesse o título para a McLaren por uma diferença de dois pontos.
O presidente da Mercedes, Jurgen Hubbert, afirmou segunda-feira em entrevista a uma agência de notícias alemã que as ordens das escuderias durante as corridas modificando resultados podem prejudicar a Fórmula 1. “Penso que seja um pecado que um piloto depois de haver feito uma corrida fantástica não tenha direito de ocupar a posição que lhe cabe no pódio. A Mercedes tem uma visão diferente da Ferrari. Se a gente prejudica de alguma forma o esporte, vai chegar o dia em que as pessoas deixarão de vê-lo como algo interessante."
Apesar de péssima fase do finlandês Mika Hakkinen e da vice-liderança do David Coulthard no campeonato, a McLaren reluta em proclamar o escocês como seu primeiro piloto. “Para mim, sinceramente, não importa qual dos meus dois pilotos esteja vencendo. Não vamos trabalhar mais para um ou para outro. Só faço questão de que minha equipe dispute o título do campeonato", afirmou o chefe da equipe, Ron Dennis.