Belo Horizonte - De um lado, a satisfação do volante Cléber Monteiro. Do outro, a cara de poucos amigos do armador Jackson. A briga por uma vaga no meio-campo do Cruzeiro está agitando a Toca da Raposa. Nos últimos dois jogos, Jackson, que vinha sendo titular, perdeu a posição para Cléber Monteiro. E, para o jogo de domingo contra a Caldense, última rodada da segunda fase do Campeonato Mineiro, nem mesmo o técnico Luiz Felipe Scolari sabe quem irá jogar.
“Pode ser que nem um dos dois comece jogando", disfarça o treinador. Scolari justifica que tal suspense se refere à formação tática com a que ele irá compôr o Cruzeiro para esta decisiva partida - o time tem que vencer com bom saldo de gols para ter chances de ficar com uma vaga na decisão da competição estadual.
Na reapresentação dos jogadores na quarta-feira na Toca da Raposa, depois da goleada de 4 a 1 aplicada na véspera sobre o equatoriano El Nacional e que classificou o time para as quartas-de-final da Libertadores, era visível o contraste entre Cléber Monteiro e Jackson. Enquanto o primeiro ainda vibrava com mais esta oportunidade entre os titulares, o segundo chegou com a cara de poucos amigos e quase não conversou com ninguém.
“Estou concretizando meu objetivo, que é ser útil ao treinador,
independentemente da posição. Quando subi dos juniores, vi que os treinadores preferem os jogadores versáteis. E procurei me adaptar a isso", comenta Cléber Monteiro, volante que vinha sendo utilizado na lateral-direita, antes da contratação de Neném. Porém, sofreu uma pequena lesão no tornozelo esquerdo, que o tirou da equipe por cerca de 10 dias. Recuperado, logo retornou ao grupo titular.
E nem mesmo o grande número de concorrentes a uma vaga no meio-campo, fez com que Cléber Monteiro temesse a perda da camisa de titular. “Sei que meu trabalho já era um motivo para que eu tivesse tranqüilidade. Se eu me recuperasse bem da lesão, sabia que estaria de volta ao time, independentemente da posição", afirma, sem modéstia alguma, o volante, que vem se tornado um curinga nas mãos do técnico Luiz Felipe Scolari, que o considera um jogador “muito obediente taticamente". “Mas sei que, se treinador precisar de um time mais fechado, mais defensivo, minhas chances de jogar aumentam", pondera.
Contrariando a certeza demonstrada por Cléber Monteiro está o futuro incerto de Jackson. De titular absoluto no meio-campo, ele agora se vê ameaçado pela “concorrência". E não consegue, ao menos, ter muitas esperanças quanto ao seu retorno à equipe. O armador revela que foi surpreendido nos vestiários quando Scolari anunciou a escalação dos titulares que enfrentariam o América, no final de semana, e o El Nacional, na última terça-feira.
“Contra o América, foi um dos maiores choques que já levei. E, contra o El Nacional, pensei que voltaria. Me surpreendeu muito, pois não acho que vinha jogando mal. Tomara que seja, apenas, devido ao esquema para aqueles dois jogos", ressalta Jackson, que promete dedicação total nos treinos para ter o lugar de volta. “Vou me acabar de tanto treinar", garante.