São Paulo - Após depoimento de representantes do Santos nesta quinta-feira, a CPI do Futebol no Senado chegou à conclusão que foram desviados pelo menos 1,5 milhão de dólares do clube paulista para contas de ``laranjas'', informou a Agência Senado.
A Comissão descobriu diversos casos de evasão de divisas do país nos negócios do clube com agremiações estrangeiras, que podem resultar numa multa de R$ 3,33 milhões a ser imposta ao Santos pela Receita Federal.
O ex-presidente do clube, Samir Jorge Abdul Hak, após longo depoimento na CPI, mostrou-se surpreso com os fatos apurados.
Ao todo, a CPI do Futebol levantou, segundo o seu relator, senador Gerlado Althoff (PFL-SC), um total de 16 casos flagrantes de irregularidades, que vão desde a cobertura de gastos indevidos com o automóvel do então presidente do clube, até o roubo de R$ 40 mil, depositados em uma gaveta numa escrivaninha dentro do clube.
Um outro depoente, o empresário Ivani Targino de Melo, conhecido por Vando, não escondeu que recebeu muito dinheiro em transações importantes envolvendo jogadores famosos, entre eles Viola (atualmente no Vasco). O que ficou evidente, contudo, é que o empresário recebeu do Santos uma propina de R$ 200 mil para impedir que o jogador fosse vendido para o Corinthians por R$ 4 milhões, segundo concluiu o relator, num momento de impaciência com as divagações do empresário.
Mas o que mais estarreceu a CPI foi o desvio de R$ 1,5 milhão, em 1998, na época equivalente a US$ 1,5 milhão (o câmbio era de um dólar por um real). O dinheiro era para ser pago à Inter de Milão, pela compra do jogador Caio. O negócio foi acertado em US$ 2,5 milhões. Pelas contas rastreadas pela CPI, o Santos pagou US$ 3 milhões e ainda deve, segundo a contabilidade do clube, US$ 500 mil.
O equivalente a US$ 1,5 milhão (os cheques foram emitidos em reais) foram parar em contas de pessoas que nunca tiveram nada com o clube, segundo o seu ex-presidente: Modesto Filgueiras, Raimundo Rato, Odemar Aguiar, Clóvis Aguiar, Odimar Fernandes
Filho, Edson Antônio Pereira, Ranulfo Franco, e a Indústria de Papel Ramezonni, de Minas Gerais.
Althof apresentou dezenas de documentos comprovando as irregularidades, principalmente em transações do Santos com clubes no exterior, a venda dos passes de Geovane para o Barcelona e de Marcos Assunção, para o Roma, por US$ 8 milhões cada um; a compra de Caio do Inter de Milão; de Argel, e de Alessandro para o Porto (Portugal), Jameli, para o Central Espanhola, do Uruguai, e ainda a venda de Zuriaga, Edgard Baez, e várias transações internas envolvendo Sandro, Viola, Athirson, Romerito, Lindomar, Dinho, Marcelo Silva, e outros.