Fernando Eichenberg
Direto de Paris

A primeira atitude de Guga após a sofrida vitória sobre o norte-americano Michael Russel foi desenhar um coração na quadra. Depois, ele se ajoelhou e mandou beijos para torcida.

“Deixei meu coração na quadra. Foi uma maneira de compartilhar minha vitória, pois grande parte dela se deu por causa do apoio do público.” Depois do confronto, Guga também não deixou de pensar na sua família e na torcida que ficou no Brasil: “Vou ter de checar se ninguém morreu do coração”

Cansado, o brasileiro ainda emocionado disse que a vitória deste domingo foi um dos momentos mais emocionantes que já viveu numa quadra de tênis: “Saí do fundo poço, de uma situação em que estava vendo tudo preto, para o paraíso, para, talvez, a maior alegria da minha vida.”

O brasileiro contou que, num momento da partida, já se via “fazendo as malas e indo para o aeroporto”. “Foi como se tivessem me tirado do torneio e depois me trazido de volta”, resumiu. Depois, concluiu: “Em Roland Garros, foi o jogo que consegui virar que já considerava o mais perdido de todos que já disputei aqui”.

Guga reconheceu que para vencer Michael Russell a garra acabou superando a técnica: “Tive dificuldades em encontrar meu ritmo. Ele respondia bem os meus saques, colocava bolas sempre próximas da linha. Foi me deixando frustrado, pois tudo que tentava fazer ele evitava que desse certo, e acabei sendo mais defensivo do que o normal. Mentalmente foi muito desgastante”.

Num dia em que nada estava dando certo, Guga disse que tivesse perdido as esperanças de virar o jogo certamente não teria mais chances de ganhar. “A partir do quarto set, minhas bolas começaram a entrar mais, a esquerda pararela começou a dar certo, e a confiança aumentou. Essa vitória foi um prêmio, uma recompensa por todo o trabalho que tenho feito, às vezes treinado até às sete, oito horas da noite”, disse.

“Sou um cara que me emociono. Cada coisa que consigo na minha vida é com muita luta, esforço, nada é fácil. Gosto desse desafio”, disse, após o jogo.

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