Porto Alegre - Sentado ao lado do coordenador técnico João Paulo Medina na sala de tevê do hotel em que o Inter está hospedado, em Itapema, o treinador Carlos Alberto Parreira assistiu ao jogo da Seleção Brasileira tranqüilo e impassível.
O técnico tetracampeão mundial torceu discretamente, exatamente como costumava se portar na beira dos gramados americanos na Copa de 1994, quando comandava a equipe.
De tempos em tempos, Parreira virava-se para Medina ou para o preparador Moraci Sant’Anna e fazia algum comentário em voz baixa. Quando Cafu tentou pela terceira vez armar uma jogada partindo em direção à meia-lua da grande área, Parreira antecipou o comentário de Falcão, comentarista da Rede Globo. Disse que o lateral estava jogando muito pelo meio e que deveria avançar pelas pontas.
As intervenções mais entusiasmadas do técnico foram durante o pênalti cometido pelo mesmo Cafu em Recoba, no primeiro tempo, e no gol não marcado quando Carini defendeu a bola após a linha do gol. No momento em que a tevê mostrava o lance de Cafu pela primeira vez, Parreira duvidou da existência do pênalti. Quando o replay mostrou a jogada, o técnico corrigiu sua avaliação.
”Pô, infelizmente foi pênalti mesmo”, admitiu.
Depois que a tevê reprisou o gol pela quinta vez, ele comentou:
”Agora vão repetir isso umas mil vezes para comemorar o gol.”
Quando o técnico Victor Púa anunciou que colocaria mais um zagueiro após a entrada em campo do atacante Jardel, Parreira observou que seria bom para o Brasil que o Uruguai recuasse.
Já quando Burgos defendeu a bola dentro do gol, Parreira nada disse, esperou a repetição da imagem pela linha lateral e disparou uma seqüência de “ôpas”. Depois, analisou:
”O bandeira estava mal posicionado, estava na intermediária, na linha do último homem, não ia dar mesmo se tivesse dúvida”, disse, enquanto tomava um gole de água mineral.