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Craques do Fla esquecem diferenças rumo à Libertadores
Domingo, 08 Julho de 2001, 08h46
Atualizada: Domingo, 08 Julho de 2001, 12h00

João Pessoa - Quando o Flamengo pôs fim a conturbada era Romário, em 1999, o posto de ídolo da nação rubro-negra ficou vago na Gávea e a camisa 11 sem dono. Por pouco tempo. Hoje, um ano e meio depois, dois personagens bem distintos conquistaram o coração do exigente torcedor do Flamengo.

Petkovic, com a camisa 10 que foi de Zico, e Edílson, com a 11 que Romário vestiu, escreveram seus nomes na história do clube com o inesquecível tricampeonato estadual. E hoje, às 16h, em João Pessoa, na decisão da Copa dos Campeões, contra o São Paulo, ambos estarão diante da oportunidade de iniciar uma caminhada ainda mais árdua, porém bem mais gloriosa: a de conduzir o Flamengo à Libertadores da América e, novamente, ao Mundial Interclubes, 20 anos depois da façanha de Zico, Júnior, Nunes & Cia.

Petkovic e Edílson estão longe de formar uma dupla, ou uma espécie de casal 20. Entendem-se com a bola nos pés, mas encaram a profissão e a vida de formas inteiramente diferentes. O iugoslavo é pragmático ao extremo. O baiano, emocional. Petkovic é objetivo, não joga conversa fora. Edílson prefere o estilo gente boa e o sorriso fácil. Ambos são ídolos assumidos - cada um a seu modo.

''Sempre fui ídolo por onde passei. Dentro de campo, já mostrei o que posso fazer. Fora de campo, cada um escolhe como quer ser. Sou sincero, muito lógico, e falo o que penso. Meu comportamento sempre foi assim e sempre vai ser. Sou justo, um cara de família e profissional, dentro e fora de campo'', define-se Petkovic. ''Para ser ídolo o jogador tem que acontecer, fazer gols decisivos e ganhar títulos. E eu sou um vencedor, tenho estrela. Acho também que um ídolo precisa ser exemplo dentro e fora de campo e dar sempre muito carinho para os fãs'', Edílson se analisa.

Em comum, os dois sabem o que representam hoje para o Flamengo. ''Durante a emoção da conquista do tri, muita gente me dizia que eu não tinha noção do que havia representado aquele gol de falta. Realmente, só depois de passada a euforia que percebi a importância daquilo tudo'', conta Petkovic. ''Sempre fiz gols decisivos. Sou um dos jogadores mais bem pagos do Flamengo e tenho que resolver. Espero que seja assim contra o São Paulo'', pede Edílson, sem falsa humildade.

Um sabe da importância do outro, mas arrancar elogios mútuos é missão ingrata. ''Não falo de companheiros individualmente, só do coletivo'', corta Petkovic. ''É até difícil falar das virtudes do Pet. Quando quer, ele é bom em tudo'', concede Edílson, sem a naturalidade habitual.

Quando falam em futuro as diferenças entre os dois saltam aos olhos. ''Sou muito prático e sempre procuro me programar e pensar no meu futuro e no da minha família. Mas não perco tempo fazendo planos que não dependem só de mim para serem realizados. Por exemplo: quero cumprir meu contrato com o Flamengo, que vai até 2004. Mas isso não depende só de mim'', reconhece Petkovic. ''Não gosto de planejar nada. As coisas na minha vida e na minha carreira sempre aconteceram naturalmente'', relaxa Edílson.

Os temperamentos são diferentes, mas não são fáceis. Nenhum dos dois tem grandes amigos no grupo. Os mais brincalhões, como Beto e o goleiro Júlio César, se aproximam de ambos. Maurinho, que divide quarto com Petkovic nas viagens, é o mais chegado ao iugoslavo e companhia nas folgas. Desafetos, no entanto, eles também não têm. Ainda que os desentendimentos de Edílson com Reinaldo, no final do Estadual, e Clêmer, na pré-temporada, tenham deixado cicatrizes suficientes para os envolvidos manterem prudente distância.

Vaidades, estilos e pontos de vista à parte, Petkovic e Edílson têm o mesmo objetivo no Flamengo: vencer. E uma vitória logo mais sobre o São Paulo deixará o time dos dois craques em vantagem para o segundo jogo da decisão, que acontecerá em Maceió, na quarta-feira. Se eles continuarem se entendendo na linguagem da bola, as chances são grandes.

JB OnLine


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