Fortaleza - A festa do Fortaleza começou cedo no domingo, dia da decisão. Confiantes na vantagem obtida ao longo do campeonato, os torcedores do Fortaleza lotaram os bares próximos ao estádio Presidente Vargas e na região do centro da cidade. As cores azul vermelho e branco também eram dominantes entre os freqüentadores da Beira-Mar e da Praia do Futuro.
Na chegada ao PV, muita confusão no acesso do público aos portões de entrada. O contingente policial de 550 homens não foi suficiente para conter as mais de 20 mil pessoas que buscavam assistir a partida e o tumulto foi generalizado. A maior reclamação era em relação à falta de ingressos nas lojas da rede de farmácias Pague Menos e o extorsivo preço cobrado pelos cambistas. O ingresso de arquibancada, vendido oficialmente por R$ 10,00, chegava a ser oferecido por R$ 30,00 na porta do estádio.
Às 16 horas, no entanto, todas as dependências estavam lotadas para o início da partida. A maioria absoluta de torcedores era do Fortaleza, que tinha maior número nas arquibancadas e cerca de dois terços do total presente nos setores de cimento especial e de cadeiras.
Na entrada da equipe em campo, não faltaram os tradicionais fogos de artifício, balões tricolores, bandeiras de todos os tamanhos, fumaça colorida e muita chuva de papel higiênico. As faixas formavam um capítulo à parte, todas satirizando o tabu de 16 partidas sem derrota para o Ceará. A bandeira gigante de 24 x 78 metros, estreada na última quinta-feira, foi estendida inúmeras vezes durante os noventa minutos.
Os gritos de bicampeão começaram a ser ouvidos por volta dos 30 minutos do segundo tempo, a medida em que a torcida do Ceará se retirava do estádio. Logo após o apito final do árbitro Alfredo Loebeling começaram as primeiras invasões de campo.
Sem conseguir controlar a situação, a Polícia Militar foi obrigada a abrir os portões de acesso ao gramado, e os torcedores tomaram conta da situação. A maioria dos jogadores do Fortaleza chegou ao vestiário vestindo apenas o calção. Foi o caso do zagueiro Ronaldo Angelim, que acabou ficando somente de sunga, com todo o material sendo levado por torcedores, como recordação da conquista. Nem mesmo a taça do campeonato escapou da fúria da torcida e teve seu destino ignorado na hora da comemoração.
Festa continuou no Pici
"Uh! Terror, Clodoaldo é matador! Este foi o coro que mais se ouviu, na segunda à noite, na sede do Fortaleza, no Pici. Com a vitória emocionante sobre o seu arqui-inimigo, o Ceará, boa parte da imensa torcida tricolor deslocou-se para a sede do clube para comemorar o bicampeonato.
Empolgados com a conquista, os torcedores não cansavam de cantar o hino e os funks'' mais tradicionais do clube sem esquecer, é lógico, as provocações com os alvinegros, mesmo sem haver nenhum deles presente. Estamos todos emocionados. Foi um título muito importante para os torcedores do Fortaleza. Toda a torcida merece comemorar o bi arrastão conquistado pelo Leão'', afirmou Oliveira, funcionário do Grupo Vicunha, que foi com amigos prestigiar a festa.
Famílias inteiras, como a do torcedor Antonio José, foram fazer parte da festa. Para ele, o título foi mais que merecido. O Fortaleza é disparado o melhor time. Há muito vem trabalhando para isso e seria uma injustiça se outra equipe fosse campeã'', afirmou.
Já a estudante Neusa Pires lembrou que o título deve ser dedicado também ao ex-técnico tricolor, que hoje está no Santa Cruz, de Pernambuco. A festa está muito emocionante, mas devemos lembrar do Ferdinando Teixeira, que formou a base do time e deve também ser homenageado'', disse a torcedora.