Rio - As braçadas brasileiras se distanciaram do mundo da natação. Não chega a ser o fiasco do futebol, mas o Brasil, país de tradição nas competições aquáticas, está perdendo terreno diante de potências como Estados Unidos e Austrália, além de forças emergentes como Itália, Holanda e Suécia.
No Mundial de Fukuoka, a equipe nacional coleciona maus resultados. Das 10 provas disputadas até quinta, apenas uma teve representante brasileiro na final. O quarteto verde-amarelo, porém, foi desclassificado no 4x100m livre depois da escapada de Carlos Jayme. Em disputas individuais, os brasileiros não alcançaram nenhuma final.
É o pior desempenho do Brasil nas três últimas competições internacionais de peso. No último Mundial, em Perth-1998, os nadadores do país chegaram a cinco finais, sendo quatro individuais. Os brasileiros voltaram sem medalhas, mas trouxeram na bagagem resultados como o quinto lugar de Gustavo Borges nos 100m livre e o sexto de Luiz Lima nos 1.500m livre. Desta vez, Gustavo terminou em 12° nos mesmos 100m livre. Há três anos, o Brasil ainda teve Fernando Scherer na oitava colocação nos 50m livre, Gustavo em oitavo nos 200m livre e o 4x100m livre na sexta posição.
Ano passado, nas Olimpíadas de Sydney, veio o bronze no 4x100m livre. O número de finais com brasileiros diminuiu: foram duas contra cinco do Mundial-1998. Além do revezamento, Rogério Romero ficou entre os oito melhores nos 200m costas - acabou na sétima colocação.
A queda brasileira aconteceu justamente no estilo em que o país vinha se destacando na última década: o livre. Nos 50m, o melhor resultado do Mundial anterior fora o oitavo; em Sydney, apenas um 20° lugar. Nos 100m, em Perth, houve a quinta posição; ano passado, somente um 16° também de Gustavo Borges.
Nado livre - Nos 400m e 1.500m, provas em que o Brasil esteve representado no último Mundial e nas Olimpíadas passadas, nenhum nadador do país se classificou para Fukuoka. Os índices para o Mundial-2001 foram o 20° tempo de Sydney-2000. Em Perth-1998, Luiz Lima ficou em 10° nos 400m; em Sydney-2000, 17°. Nos 1.500m, ele terminou em sexto no Mundial-1998; nas Olimpíadas-2000, foi 18°. O 4x100m, bronze olímpico em 2000, voltou a disputar uma final agora em Fukuoka, mas decepcionou. A equipe (sem Scherer, que estava no time em Sydney) acabou na sétima posição, um desempenho inferior ao das Olimpíadas, mas foi desclassificada pelo escape de Carlos Jayme.
O único salto brasileiro ocorreu no nado de peito, um estilo com pouca tradição no país. Eduardo Fischer, 31° colocado em Sydney-2000, ficou em 16° em Fukuoka, alcançando as semifinais. Fischer não melhorou apenas na classificação: seu tempo passou de 1min03s72 em Sydney para 1min02s51 em Fukuoka, nas eliminatórias, perto de seu recorde sul-americano (1min02s44), estabelecido em maio. Fischer, porém, fez um tempo pior nas semifinais que nas classificatórias do Mundial: 1min03s08. Mesmo assim, teve progresso de mais de um segundo no período de um ano.
Estrutura - Para o fundista Luiz Lima, a combinação entre a falta de centros de treinamento e de aprimoramento científico de programas de medicina esportiva deixa o Brasil atrasado na natação mundial. ''O desempenho não foi bom, mas não porque os nadadores que estão lá não sejam bons, eles são, e sim porque precisamos de estrutura. Se os atletas brasileiros que estão no Japão tivessem nascido na Austrália, nos Estados Unidos, na Itália, com certeza teriam melhores resultados no Mundial'', arrisca Luiz. Ele cita que o país não conta com nenhuma piscina em condições técnicas de abrigar um Mundial ou um Pan-Americano.
Em Fukuoka, vem o reflexo decepcionante. Os resultados brasileiros foram: 50m livre: 17° Edvaldo Valério; 30° Nicholas Santos; 100m livre: 12° Gustavo Borges; 15° Edvaldo Valério; 200m livre: 22° Rodrigo Castro; 50m costas: 13° Alexandre Massura; 100m costas: 15° Massura; 200m costas: 12° Rogério Romero; 100m peito: 16° Eduardo Fischer. No feminino: 100m livre: 41° Flávia Delaroli; 200m livre: 26° Monique Ferreira.