São Paulo –O alarme já soou. Com as derrotas recentes da seleção brasileira, todos os torcedores estão preocupados com a possibilidade do time ficar de fora pela primeira vez de uma Copa do Mundo. Algumas pessoas, no entanto, estão fazendo contas. O prejuízo, além de moral, é financeiro, e pode ser calculado em mais de um bilhão de reais.
``Acho que seria uma tragédia para o esporte e, em termos publicitários, o mesmo. Ouso imaginar que haveria muito desemprego no meio esportivo e nas empresas que trabalham com materiais esportivos'', avalia o comentarista Milton Neves.
Segundo levantamento feito pelo jornal especializado em publicidade Meio&Mensagem, o mercado calcula um prejuízo de 1,25 bilhão de reais caso o Brasil fique fora da Copa.
``Hoje, os investimentos publicitários no Brasil somam 12,8 bilhões de reais. Portanto, 1,25 bilhão seria 10 por cento do que movimenta a publicidade como um todo...é um volume bastante considerável'', explicou Regina Augusto, editora-chefe do Meio&Mensagem.
Com o Brasil fora da Copa, os patrocinadores não poderiam utilizar o evento para realizar suas promoções com camisas, bolas, viagens etc.
Segundo Regina Augusto, a TV representa 57 por cento de todo o investimento publicitário brasileiro, e será o meio que mais vai sentir o impacto de uma Copa do Mundo sem o Brasil.
A principal prejudicada seria a Rede Globo, emissora que pagou cerca de 250 milhões de dólares pelos direitos de transmissão do evento.
De acordo com o vice-presidente de mídia da agência de publicidade Leo Burnett, Darcio de Almeida Leite, o prejuízo com as vendas das cotas publicitárias da Globo deve chegar a 250 milhões de reais.
``Se não tiver o Brasil, fica a dúvida se alguém compraria (as cotas). Quem perde é a Rede Globo porque os patrocinadores não vão investir nisso'', disse Leite, que chegou a esse número somando os valores pagos no ano passado -- atualizados pela inflação -- em patrocínio das transmissões de futebol na Globo.
Apesar de ser em menor escala, o rádio também deverá ter grandes prejuízos. Na última Copa, em 1998, as principais rádios de São Paulo chegaram a cobrar 120 mil reais por mês pelas cotas, segundo Milton Neves.
Dono de uma agência de publicidade, ele explicou que a Jovem Pan chegou a cobrar 300 mil reais pelas cotas no mês da competição.
Outro prejuízo caso o Brasil fique fora da Copa Mundo, entretanto, é incalculável: o moral, tanto para os torcedores quanto para os jogadores do país.
``Sem dúvida o prejuízo é mundial, é globalizado. O futebol brasileiro ficará mais desvalorizado do que está'', avalia o ex-jogador Sócrates.
Para ele, um dos grandes prejudicados serão os jogadores, que perderão espaço no mercado mundial.
``Ficar fora da Copa vai gerar menos riqueza, rebaixamento de salários, insegurança e incerteza para os atletas. E a sangria de exportação de jogadores desaparece'', explicou.
O maior perdedor nessa história, entretanto, deverá ser mesmo o torcedor, que terá que se privar da festa, alegria e ilusão.
``O futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes. Só que de quatro em quatro anos, durante um ano, o futebol se torna a mais importante dentre as mais importantes, principalmente para a auto-estima do povo brasileiro'', resume Milton Neves.