Porto Alegre - Ao chegar a Curitiba na quarta-feira o panamenho Torres, um dos titulares do técnico romeno Mihai Stoichita, fez algo que em outros tempos pareceria uma simples provocação: prometeu que sua inexpressiva seleção do Panamá tentaria uma vitória sobre o Brasil. São novos tempos, não há dúvida.
Depois de perder para equipes sem grife como África do Sul, Coréia, Honduras, e sofrer para empatar com potências do porte do Canadá, a Seleção passou a dar esperanças de consagração até para o fraco adversário – o Panamá conseguiu ser eliminado da Copa de Ouro por Cuba – do amistoso desta tarde, no Estádio Arena da Baixada, em Curitiba.
Por isso, até jogos-treinos como o deesta quinta-feira, às 15h, em Curitiba, são encarados como vitais para a recuperação do orgulho perdido em algum lugar dos últimos anos do futebol brasileiro.
Tinga e Leonardo são as grandes novidades da Seleção no amistoso desta quinta. Eduardo Costa parece guardar posição para Emerson, e Marcelinho vai depender muito do que apresentar contra o Panamá e na próxima quarta-feira. Ele pode ser o atacante móvel que Felipão tem buscado para jogar ao lado de um centroavante (Romário ou Élber) ou de um outro atacante de velocidade (Edílson ou Euller).
Os primeiros cinco jogos no comando da Seleção Brasileira – derrotas decepcionantes para Uruguai, México e Honduras, vitórias não muito convincentes sobre Peru e Paraguai – deram ao técnico Scolari uma convicção: falta alguém que fale no time brasileiro, principalmente nos momentos mais difíceis. Por isso, ele surpreendeu ao trazer de volta o meia Leonardo, que estava afastado havia dois anos, desde o rompimento com Wanderley Luxemburgo na Copa América. Será um dos pontos a observar no amistoso. No coletivo de quarta, Leonardo cumpriu à risca o novo manual: gritou, orientou, deu força aos mais jovens e ainda se deu ao luxo de ter uma reunião em separado com Roberto Carlos, Roque Júnior e Vampeta para discutir algumas jogadas depois do treino.
Não parece haver mais dúvidas: Felipão passará a usar sempre o esquema com três zagueiros, cinco no meio (os três do setor mais os dois alas) e os dois atacantes. Além de achar que os zagueiros atuais não podem mais ficar tão expostos, ele está claramente reciclando o que pensava quando estava nos clubes. Hoje, o técnico usará Cris, Roque Júnior e Juan, testados no coletivo de ontem. Se Lúcio se apresentar em boas condições domingo, ele deve ser o titular diante do Paraguai, no Estádio Olímpico.
Luiz Felipe deve fazer uma nova experiência hoje: como o titular Cafu foi dispensado por causa de uma cirurgia no septo nasal, seu reserva Belletti machucou os ligamentos do joelho esquerdo e a opção Alessandro não chega a ser confiável, é bem provável que Vampeta ganhe uma chance na posição. Foi isso que Felipão fez na segunda parte do coletivo de quarta de manhã, no Centro de Treinamento do Atlético – e foi a melhor parte do treino, registre-se. Não é uma situação nova para o experiente Vampeta: ele jogou exatamente assim, como ala, nos tempos de PSV Eindhoven, na Holanda.
“Mas eu quero deixar claro que minha preferência é o meio”, alertou Vampeta, diante dos elogios a seu desempenho na lateral. “Posso até colaborar, como me pediu o técnico, mas será apenas uma experiência”.
Roberto Carlos teve muito mais liberdade para atacar, no coletivo de ontem, e é isso que Luiz Felipe pretende ver repetido no amistoso de hoje e no jogo de quarta-feira, em Porto Alegre. Em vários lances ele pediu decisão do lateral, chutes a gol com maior freqüência e participação em conclusões.
Deu resultado: em três dos quatro gols, houve a presença dele. Apesar da fama no Real Madrid, Roberto Carlos não consegue repetir com a camiseta da Seleção as atuações que o consagraram na Europa. Como Júnior tem atuado bem quando é escalado, só resta a Roberto Carlos aproveitar a chance