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Tumulto acaba com doação para carentes em treino
Quarta-feira, 03 Outubro de 2001, 21h30

Curitiba - Cerca de 15 mil torcedores compareceram ao Estádio do Pinheirão na tarde de quarta-feira para assistir ao primeiro treino aberto da Seleção Brasileira, que ainda busca uma vaga para a Copa do Mundo de 2002.

O ingresso -- um quilo de alimento não-perecível ou um brinquedo -- adotado pelo Federação Paranaense de Futebol para ajudar entidades beneficentes do Paraná não deu muito resultado.

Com o tumulto nos portões de acesso ao estádio, a entrada acabou sendo liberada. Foram recolhidos aproximadamente 3 mil quilos de alimentos.

Algumas pessoas tentaram jogar os produtos no salão onde estavam sendo guardados os mantimentos, mas muitos sacos de feijão e farinha estouraram.

Entre os produtos, um saco de feijão da marca Reserva. ''Este é em homenagem à seleção'', disse, brincando, Jackson Alves, de 17 anos.

O enfermeiro particular Eli Mocelin, 23, conseguiu convencer o seu paciente, Carlos Covello, 74, a sair de casa para assistir ao treino da seleção. A todo instante Carlos mostrava que não gostava de futebol. ``Vamos embora. Eu não vou entrar lá com esse tanto de gente que tem lá dentro. Eu nem gosto de futebol'', dizia. Mas o enfermeiro foi insistente: ''Agora já estamos aqui, temos de entrar''.

Para Jair Rezende, 23, futebol é um programa de família. Acompanhado da esposa, Cristiane, 26, ele levou a filhinha Gisela, de apenas 1 ano. ``É para ela já ir se acostumando com o futebol. Vai ser torcedora do Grêmio como os pais''.

Mas nem todos que compareceram ao estádio estavam tão preocupados com a seleção. André Luís, 19, tinha outro motivo. ''Vim para ajudar as criancinhas'', comentou.

O que não faltou durante o treino da quarta-feira foram ''palpiteiros'', que esperam uma goleada sobre o Chile no próximo domingo.

Ricardo Manterumacher, 24, vestindo a camisa verde-amarela, arriscou. ``Esta vai ser a reabilitação. Vai dar 5 x 0 para o Brasil''.

O ambulante Jairo Cruz, 36, não estava tão empolgado. Com 200 bandeiras da seleção para vender antes do treino, conseguiu vender apenas a metade. ``Da outra vez que a seleção veio para cá vendi 1.500'', disse.

José Aparecido, 37, teve ainda mais prejuízo. Das 200 fitinhas de cabeça que tinha para vender, vendeu apenas seis. ''Acredito que a baixa no comércio esteja relacionada diretamente com o mal desempenho da seleção dentro de campo'', explicou o ambulante, que no domingo vai tentar a sorte no Estádio Couto Pereira com outro produto: pipoca. ``Sei que pipoca vai vender mais. Todo mundo tem fome, né?''.

Reuters


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