Rio - Pouco antes de entrar na sala onde será votado o relatório final da CPI do Senado, que investiga supostas irregularidades no futebol brasileiro, o senador Gilvan Borges (PMDB-AP) concedeu entrevistas a emissoras de rádio e fez duras críticas ao documento feito pelo senador Geraldo Althoff (PFL-SC), relator da Comissão. Gilvan, que desistiu de colocar em votação um relatório paralelo, vai apresentar um voto em separado para que ele conste do relatório, que será enviado ao Ministério Público.
“Esse voto em separado terá como principal objetivo fazer com que o Ministério Público tome conhecimento da forma como este relatório foi feito. Essa é a oportunidade do Ministério Público reparar as injustiças que estão sendo feitas com a aprovação deste relatório”, afirmou Gilvan.
Gilvan, que está sendo acusado de integrar a "Bancada da Bola", composta por parlamentares ligados a clubes e entidades, disse estar envergonhado com o relatório apresentado. Para ele o documento está a serviço de forças políticas.
“Esse documento está a serviço de determinados grupos para desmantelar a CBF e entregar o poder do futebol a outras pessoas. Tanto que muita coisa ficou de fora das investigações por causa de interesses. Casos dos contratos milionários entre clubes e emissoras de televisão. Além disso, o relator e o presidente da CPI almoçaram com o Márcio Braga e não deram a mesma oportunidade ao presidente do Flamengo, Edmundo Santos Silva, que, de tanta pressão, foi aos prantos na CPI”, afirmou Gilvan.
Gilvan deverá ser o único dos 13 senadores que não votará pela aprovação do relatório e acusou alguns de seus colegas de terem mudado de opinião por causa de pressões da mídia.
“O senador Gérson Camata (PMDB-ES) expressou bem esta situação na última sessão. Muitos vão deixar de votar comigo por causa de pressões. Nesses quatro dias as pressões aumentaram e este relatório vergonhoso será aprovado”, afirmou Gilvan, que alegou que muitos depoentes não tiveram oportunidade de se defender.