Rio - O cerco contra o presidente do Vasco, deputado Eurico Miranda (PPB-RJ), está se fechando cada vez mais. Nesta quinta-feira o senador Álvaro Dias (PDT-PR), presidente da CPI do Senado, que investiga supostas irregularidades no futebol brasileiro, e o senador Geraldo Althoff (PFL-SC), relator, entregaram ao presidente da Câmara, deputado Aécio Neves (PSDB-MG), cópia do relatório final da Comissão. No documento estão várias denúncias contra Eurico e, com isso, foi dado mais um passo rumo a cassação do mandato do deputado vascaíno.
Deputado do chamado "baixo clero", sem chamar muita atenção na Câmara, Eurico passa quase despercebido pelos grandes líderes partidários. Talvez esse seja o motivo de Aécio ter ficado impressionado com as denúncias contidas no relatório. Dentre elas estão as de sonegação fiscal, apropriação indébita, crime contra a ordem financeira e crime eleitoral.
Assim que tomou conhecimento do conteúdo do relatório Aécio enviou cópia do documento ao corregedor-geral da Câmara, deputado Barbosa Neto (PMDB-GO), exigindo rapidez nas apurações sobre o assunto.
Logo em seguida, Barbosa Neto se pronunciou sobre o caso. Ele garantiu que no início do próximo ano apresentará à Mesa Diretoria da Câmara um parecer sobre as denúncias contra Eurico. Depois o caso deverá ser encaminhado ao Conselho de Ética, que julgará se existiu quebra de decoro parlamentar.
Como foi citado em várias denúncias, é muito difícil que os deputados do Conselho de Ética não entendam que Eurico quebrou decoro parlamentar em nenhuma delas. Dessa forma a única esperança de Eurico se livrar da cassação é o tempo, pois o próximo ano é eleitoral e a partir de junho muitos parlamentares sequer aparecem em Brasília, pois estão envolvidos em campanhas políticas em suas cidades.
Mas caso o tempo ajude, Eurico não deverá conseguir escapar da cassação. As denúncias são consideradas graves e nem o próprio PPB parece disposto a lutar por seu membro. “Se for votada a cassação do Eurico o PPB não tem como mexer uma palha. A opinião pública já se decidiu e o partido não vai bancar o Eurico, mesmo ele sendo uma reeleição quase certa em 2002”, afirmou um dos mais influentes parlamentares do PPB.
A repercussão na Câmara das denúncias contra Eurico foram tão graves que alguns líderes partidários já pensam em mudar os procedimentos na Casa. “Casos como este devem ser encaminhados diretamente ao Conselho de Ética, para que não se perca tempo com burocracia”, afirmou o deputado Walter Pinheiro (PT-BA), líder dos petistas na Câmara.