Rio - Um dos mais importantes jornais argentinos, o "Clarín", conseguiu ter acesso ao diálogo entre os dirigentes brasileiros e argentinos que aconteceu após a confirmação de que o jogo decisivo entre San Lorenzo e Flamengo, que definiria o campeão da Copa Mercosul, não poderia ser realizado na noite de quarta-feira por causa da grave crise política que passa a Argentina. O que se ouviu foi uma série de provocações e ameaças.
Participaram da discussão o presidente do Flamengo, Edmundo Santos Silva, o presidente do San Lorenzo, Fernando Miele, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, o presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (CSF), Nicolás Leoz, e o secretário-geral da CSF, Eduardo Deluca.
Segundo o "Clarín", a reunião começou com Edmundo propondo levar o jogo para Montevidéu. Leoz disse que tentaria transferir o jogo para sexta-feira às 15h, em Buenos Aires mesmo. Edmundo interrompeu. “Se não sentir segurança para jogar sexta-feira à tarde voltamos ao Brasil.”
Deluca evitou confronto, mas lembrou que a CSF ainda não tinha tomado nenhuma decisão sobre a partida. “Bom, viajem. Depois a Confederação Sul-Americana decidirá o que fazer.”
Nessa hora o presidente do San Lorenzo provocou. “Penso que se vocês viajarem, San Lorenzo é campeão.” Edmundo rebateu. “Não, Flamengo campeão.”
Ricardo Teixeira acalmou a situação, propondo adiar a partida para sábado, com local a ser discutido. Miele lembrou que o jogo não poderia ser sábado porque nesse dia o San Lorenzo enfrentaria o Estudiantes pela última rodada do Campeonato Argentino. O dirigente do clube platino voltou a exigir jogar em Buenos Aires.
“Sempre que teve estado de sítio as partidas foram realizadas normalmente. Não se deve mudar o local do jogo por causa da situação do país”, afirmou Miele.
Ao ser marcada uma reunião para a manhã desta quinta-feira com o objetivo de se discutir a possibilidade do jogo ser realizado na Argentina mesmo, nesta sexta-feira, Nicolás Leoz respirou aliviado.
“Me parece que esta foi a decisão mais prudente a ser tomada. Agora, vamos esperar para ver se o governo da Argentina autoriza o jogo para sexta-feira”, afirmou Leoz.